VIDA URBANA
Paraibano projeta apito para substituir vuvuzelas na Copa
Pedhuá original é um instrumento indígena que imita sons de pássaros.
Publicado em 13/06/2012 às 19:09
Quem não lembra do barulho ensurdecedor das vuvuzelas na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul? Aquele som alto chegava a atrapalhar as partidas entre as seleções e deixava alguns torcedores irritados, seja no estádio ou em casa, quando assistiam aos jogos pela televisão. Para a Copa de 2014, no Brasil, um empresário paraibano pretende disseminar um novo instrumento, com um som mais harmônico e suave: o Pedhuá.
O Pedhuá original é um instrumento indígena de madeira que imita sons de pássaros. Para levar para o Mundial, uma equipe de designers da empresa Pedhuá Entretenimento fez um remodelamento para poder patentear o produto. O apito vai chegar ao consumidor em resina de plástico e com várias sonoridades diferentes. Inicialmente, o objeto terá as cores do Brasil, mas a empresa pretende também fazer com cores de clubes brasileiros.
“A ideia surgiu em um workshop do programa 14bis, da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia], onde questionaram ‘qual vai ser o som da copa?’ e fiquei com essa pergunta na cabeça”, relatou o idealizador do projeto, Alcedo Macedo. “Assistindo ao jogo do Santos e Peñarol vi que o presidente distribuiu 20 mil apitos comuns pra torcida. Logo me lembrei desse apito que imita aves, que meu avô confeccionava. Fui na feira e disse ‘vai ser esse o som da copa’”.
Alcedo disse que, depois, descobriu que o apito era o precursor do apito do samba e isso só o incentivou ainda mais a levar o projeto à frente. “Ele tem ritmo, dá para fazer melodia com ele. Até eu que não sei tocar, consigo”, contou. Para evitar transtornos, o produto foi feito em tamanho pequeno e com som suave. Segundo os produtores, se o usuário assoprar com força, o apito trava e o som não é emitido. A intenção é levar o samba, ritmo tipicamente brasileiro, para o estádio de futebol sem precisar ter instrumentos maiores.
Segundo Alcedo, alguns empresários pretendem vender milhões de vuvuzelas durante a Copa do Mundo no Brasil, mas ele garante que vai tentar impedir isso. “Não é o que queremos. O pedhuá é um dos precursores do apito do samba, feito por índios, é a cara do Brasil”, argumentou.
Social
Dentro do projeto, a empresa pretende reverter parte do público para aldeias indígenas e artesão voltarem a confeccionar o pedhuá original. “Em Campina Grande, por exemplo, só existe em artesão que faz o pedhuá. Queremos que ele ensine para as crianças porque senão isso vai se perder. Queremos resgatar uma cultura nossa que esta acabando”, explicou Alcedo.
Mercado
A empresa pretende produzir cerca de 50 milhões de pedhuás para serem distribuídas por todo o mundo. Alcedo explicou que ainda está fechando contrato com a empresa que vai confeccionar o produto, mas garantiu que o apito já vai ser distribuido para empresas que patrocinam a Copa no segundo semestre deste ano.
Segundo ele, uma pesquisa de mercado mostrou que 96% das pessoas disseram que comprariam o produto. O preço médio sugerido pelos consultado foi R$ 10 e a intenção é que seja exatamente esse o valor que vai chegar ao consumidor.
Chancela
O paraibano também está buscando chancelamento por parte do Ministério dos Esportes para o pedhuá. O Ministério está com edital aberto para receber projetos ligados à promoção da Copa do Mundo e Alcedo pretende enviar a solicitação até sexta-feira (15). Caso seja aprovado, o pedhuá poderá ter um selo de garantia do Ministério dos Esportes. O resultado deve sair até o final de julho.
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