VIDA URBANA
Paraibanos estão aderindo cada vez mais a religiões consideradas 'excêntricas'
Para os especialistas, a chegada das novas crenças representa avanço no Direito Constitucional de Liberdade de Expressão.
Publicado em 02/10/2011 às 17:07
Apesar de ter a população predominantemente católica e protestante, a Paraíba já abriga religiões consideradas 'excêntricas' que ameaçam mudar o quadro religioso no Estado nos próximos anos. Em João Pessoa, há seguidores de crenças que cultuam deuses gregos, outras que fazem uso de ervas para obter encontros divinos e há, ainda, religiões que surgiram na Idade Média, que quase foram extintas durante a Santa Inquisição, mas que ressurgiram na capital paraibana.
Para os especialistas, a chegada das novas crenças representa avanço no Direito Constitucional de Liberdade de Expressão. No entanto, eles admitem que o Estado ainda é um local cheio de preconceitos e discriminações.
O 'Mapa das Religiões', realizado pela Fundação Getúlio Vargas, mostrou que a maioria da população da Paraíba é composta por evangélicos e católicos. Dos quase 3,7 milhões que vivem no Estado, mais de três milhões seguem as doutrinas da igreja do papa Bento XVI e outros 455 mil confessam a fé protestante. Outros 245 mil moradores, ou não têm religião, ou pertencem a crenças ainda consideradas minoritárias. Em João Pessoa, existem, pelo menos, seis religiões que diferem daquelas pregadas pelo catolicismo ou por evangélicos.
Uma delas é o Islamismo, também chamada de religião muçulmana. Uma das mais antigas do mundo, ela partiu do Oriente Médio e fez adeptos em várias nações do mundo. Mas, na Paraíba, a doutrina é pouco conhecida e não tem sequer 100 praticantes. A Associação Beneficente Esportiva de Muçulmanos, que funciona na Academia Mesquita, no Bessa, é o único local da capital paraibana que reúne os seguidores para a prática dos rituais islâmicos.
O proprietário da academia, o carioca Muchammad Al Mesquita, é uma espécie de representante da religião no Estado. Ele se converteu ao Islamismo há quase 30 anos, quando esteve em Nova York. Quando veio morar na Paraíba, quase 28 anos atrás, já trouxe as doutrinas na bagagem. O filho dele, 13 anos, é muçulmano.
No andar superior da academia há uma sala coberta por tapetes e com exemplares do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, onde são feitas as cinco orações diárias dos dois religiosos. No local também ocorrem celebrações com os poucos praticantes do islamismo que moram em João Pessoa.
Durante os ritos religiosos, homens e mulheres não se misturam. Ainda que sejam casados, eles oram em ambientes separados, para não desconcentrar. “A voz, o perfume e a presença da mulher podem tirar nossa concentração no momento de nossa comunhão com Deus. O mesmo também pode acontecer com elas se estiverem perto dos homens. Por isso, há essa separação”, explica Mesquita. A pouca quantidade de adeptos ao islamismo na Paraíba se deve principalmente ao desconhecimento das pessoas sobre a religião. “Os muçulmanos são vítimas de preconceito e discriminação, porque são associados ao terrorismo. Mas, terrorista não é muçulmano e nem muçulmano é terrorista.
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