VIDA URBANA
Paraibanos gastam até R$ 20 mil para realizar o sonho de ter filho
Altos custos do tratamento e a ausência de um programa de reprodução assistida gratuito na Paraíba são principais problemas enfrentado pelos que querem ter um filho.
Publicado em 27/02/2011 às 7:51
Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba
Roberta e Carlos (nomes fictícios) estão há quase dois anos tentando realizar o sonho de suas vidas: ter um filho. Eles fizeram alguns tratamentos nesse período e passaram por três médicos, mas não alcançaram sucesso em nenhum. “Nossa esperança é a reprodução humana assistida”, diz Carlos.
A falta de condições financeiras, no entanto, impede o casal de continuar sonhando – pelo menos por enquanto. “Se for preciso, venderemos o carro para pagar o tratamento daqui a alguns anos. É a única saída que vejo”, conta Roberta.
Eliane (nome fictício) é casada há 11 anos e também alimenta o sonho de ser mãe. Depois de muitas idas ao ginecologista em busca de uma resposta para a dificuldade de engravidar, começou a juntar dinheiro com o marido. “Durante dois anos juntamos o máximo possível. Não gastávamos com nada supérfluo, mas não temos o suficiente. O tratamento é muito caro”, conta.
Roberta, Eliane e Carlos são apenas alguns exemplos de muitos paraibanos que sonham em ser pais, mas que não conseguem realizar o sonho por não terem dinheiro para o tratamento, que pode custar até R$ 20 mil, dependendo da técnica escolhida e dos medicamentos utilizados.
Os altos custos do tratamento e a ausência de um programa de reprodução assistida gratuito na Paraíba são os principais problemas enfrentado pelos que querem ter um filho, mas não podem pagar. Segundo o Ministério da Saúde, existe uma Política Nacional de Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida no país, mas o interesse deve partir das secretarias estaduais.
No país inteiro, os procedimentos são oferecidos gratuitamente em hospitais de Brasília, São Paulo e no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), em Recife. Ao todo são cinco hospitais oferecendo o tratamento sem custos a casais sem condições financeiras.
Ir para o estado vizinho – Pernambuco – em busca do tratamento talvez fosse a solução mais viável para os paraibanos nessa situação. Porém, além da vontade de ter um bebê, é preciso uma boa dose de paciência, pois é preciso se cadastrar e ficar em uma lista de espera.
A demora, segundo a assessoria de imprensa do hospital, é de aproximadamente cinco ou seis anos. Atualmente cerca de 600 mulheres estão na fila de espera. O serviço é oferecido desde 2004 e nesse período nasceram seis bebês e seis gestantes estão recebendo acompanhamento. Em 2010, foram realizadas 50 fertilizações in vitro e dez inseminações artificiais.
Segundo a assessoria de imprensa, qualquer pessoa pode se cadastrar, inclusive de outros estados. A porta de entrada para o tratamento é a atenção básica dos municípios, que deve encaminhar as mulheres ou os casais com problemas de infertilidade. A mulher (ou o casal) passa por uma avaliação dos médicos e segue para o ambulatório de reprodução humana. A partir dessa etapa o paciente passa a ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar de médicos.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) garante aos usuários do SUS exames para o diagnóstico da infertilidade. Entre eles estão a dosagem hormonal, biópsia de endométrio, ultrassonografia e análise imunológica do esperma.
Na tabela de procedimentos do SUS estão: dosagem de hormônio folículo-estimulante (FSH), dosagem de hormônio luteinizante (LH), dosagem de estradiol, dosagem de prolactina, dosagem de progesterona, ultrassonografia transvaginal e biópsia de endométrio.
A coordenadora da Saúde da Mulher da SES, Fátima Moraes disse que atualmente não existe nenhum programa voltado especificamente para problemas de infertilidade. “Nossa pretensão é apresentar um projeto desse tipo até o final do ano”, declara. Por enquanto, nenhuma assistência eficaz é prestada às mulheres e aos casais paraibanos.
Leia mais na edição deste domingo do Jornal da Paraíba.
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