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VIDA URBANA

Paraibanos tiveram milagres

Quinze anos depois da morte de Frei Damião, devotos afirmam ter alcançado graças através das orações do religioso.

Publicado em 03/06/2012 às 15:59


Quando deu à luz o filho caçula, 17 anos atrás, a empresária Solange Medeiros não sabia que o destino da criança seria reescrito pelo gesto de um religioso. Prematuro, portador de asma, de má formação no cérebro, o menino estava sentenciado pelos médicos a morrer em alguns meses ou ter uma vida vegetativa. Mas o diagnóstico mudou depois que a mãe enfrentou uma multidão e entregou o menino nas mãos de um senhor de estatura baixa, chamado de Frei Damião.

Apesar da voz baixa e fragilizado pelos mais de 90 anos de idade, o religioso colocou a criança no colo e fez uma oração simples, mas que mostrou resultado no dia seguinte. “Meu filho acordou curado. Fiz exames e os problemas de saúde não apareceram mais. Até hoje, ele tem saúde para dar e vender”, comemora a mãe.

Apesar de não ser católica, Solange acredita que foi agraciada por uma cura divina. Ela se tornou devota de Frei Damião e crê que ele possui o dom de operar milagres e de socorrer os aflitos, mesmo não estando mais vivo.

Nascido na Itália, o religioso se tornou conhecido no Brasil, a partir da década de 30, quando chegou ao país aos 33 anos de idade. Passou a fazer missões pelo Nordeste e ajudar, através de orações, a aliviar o sofrimento do povo. Não demorou muito e ganhou a fama de “operador de milagres”. Foram 66 anos de vida no Brasil dedicados ao trabalho evangelístico, que só terminaram na noite de 31 de maio de 1997, quando o idoso faleceu, em Recife.

Quinze anos já se passaram, mas as lembranças e os feitos dele ainda permanecem vivos na mente e no coração de muitos paraibanos. Entre eles, está o monsenhor José Nicodemos, atual dirigente da Paróquia Alagoa Grande, na Paraíba.

Olhando para as fotos antigas, feitas ao lado do Frei Damião, o monsenhor conta, com uma certa emoção, que as imagens ainda despertam lembranças adormecidas de uma época que, segundo ele, foi de crescimento pessoal e espiritual.

Ele acompanhou os últimos anos de vida do religioso e foi uma das primeiras pessoas a receber a notícia da morte. “Era noite, já se passava das 19h20, quando meu telefone tocou. Frei Damião estava internado há mais de 30 dias e não resistiu à falência múltipla dos órgãos. Tinha 99 anos e seis meses de idade”, lembra.

No dia da morte, o monsenhor estava celebrando uma missa. “A gente sabia que o estado dele era difícil, porque ele estava muito debilitado. Fui uma das primeiras pessoas a saber da notícia, porque havia um frei no hospital, me passando informações. Eu estava celebrando uma missa. Assim que soube, na mesma hora, comuniquei ao povo. A gente sentiu uma comoção geral. O povo chorava muito, mesmo que todo mundo estivesse esperando por aquilo”, lembra.

Na Paraíba, a morte de Frei Damião causou comoção geral “Todas as casas tinham uma bandeirinha preta, pendurada na fachada. A gente passava pelas cidades e via que as casas tinham um sinal de luto, como se tivessem perdido um ente querido. Isso só aconteceu quando houve a morte de Padre Cícero. Ficamos tristes, porque a ligação com ele era muito grande. Eu mesmo fiquei muito abatido e chorei muito, porque Frei Damião era como um integrante da família”, afirma Nicodemos.

A missa de sétimo dia foi celebrada em Guarabira, a última cidade por onde Frei Damião passou. Segundo Nicodemos, a celebração precisou ser campal devido à quantidade de fiés que compareceram ao local. “Faltando uma hora ainda para começar a missa, a catedral estava lotada. Precisamos contratar carros de som, organizar tudo para fazer a missa fora da igreja”, recorda.
O corpo de Frei Damião está na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix, no bairro do Pina, em Recife.

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Jornal da Paraíba

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