VIDA URBANA
Parto domiciliar divide opiniões na PB
Profissionais de saúde dizem que parto humanizado pode ser feito em qualquer lugar e grupos feministas defendem o natural.
Publicado em 01/07/2012 às 8:38
A ideia do parto domiciliar humanizado - em que a mãe é protagonista do processo, fazendo suas próprias escolhas, tendo um atendimento diferenciado e sendo orientada desde o pré-natal - está atraindo mais grávidas, sobretudo as de classe média-alta e as famosas. O conceito e a prática, entretanto, causam controvérsias.
Há profissionais de saúde que acreditam que o parto humanizado pode ser feito até em uma cirurgia cesariana e em qualquer lugar, inclusive no ambiente hospitalar, que seria o único seguro atualmente. Grupos feministas, por sua vez, defendem o direito de a mulher poder escolher onde quer ter o filho e valorizam o processo do nascimento feito o mais natural possível, em casa – 'nos moldes antigos'.
“Eu nasci de parto domiciliar e estou viva até hoje”, comentou a integrante da Rede Feminista de Saúde Socorro Borges, ao afirmar que o parto em casa é seguro quando realizado em mulheres com gravidez sem riscos. “Claro que o procedimento tem que ser acompanhado por uma pessoa capacitada, seja parteira profissional ou um médico obstetra”, apontou.
Socorro explicou que a ideia do parto humanizado é que a mulher seja orientada desde o princípio da gravidez sobre a saúde dela, podendo fazer a opção pelo parto normal (quando possível) e entendendo todo esse processo, “que pode ser feito sem dor, com todo o controle da mulher. Esse parto tem que ser o mais natural possível, sem que a mulher seja submetida a longas esperas em hospitais e sem o uso de ocitocina para acelerar as contrações”.
O conceito do parto mais humano também abrange a ideia de que a grávida escolha em qual posição deseja dar à luz e que a prática do corte no períneo seja feita apenas quando realmente necessária. Além disso, que neste momento a mulher possa estar acompanhada de familiares, como o marido, a mãe e filhos.
Decidir cada detalhe deste momento é um dos cernes do conceito - e isso inclui até a possibilidade da gestante escolher uma trilha sonora para a chegada do bebê.
Segundo Socorro, o parto humanizado também pode ser feito em ambiente hospitalar, mas é essencial que a mulher possa ter o direito de optar pelo parto domiciliar e que, inclusive, este seja uma das estratégias do Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, nem os Planos de Saúde cobrem o procedimento feito em casa.
Porém, para a ginecologista e obstetra Wanicleide Leite, mesmo as gestantes que têm um acompanhamento adequado durante a gravidez podem apresentar alguma intercorrência durante o parto, portanto realizar o procedimento em casa seria um risco.
“Eu não me submeteria a um parto em casa nem tampouco aconselharia ninguém a fazer. Mesmo as chances de complicações em um procedimento de obstetrícia sendo pequenas quando a paciente goza de boa saúde, a única que aparecer poderá ser suficiente para causar uma morte”, alertou a especialista.
Wanicleide lembrou, ainda, que há décadas a estrutura hospitalar dos municípios era extremamente precária e o trabalho era feito por parteiras, que não tinham qualificação científica - mas vivência prática. “Era assim porque as condições eram diferentes, não havia escolha. Hoje, a Medicina exige toda uma preparação”, enfatizou.
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