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VIDA URBANA

Passar o Natal longe de casa é a realidade dos presidiários

Para 10 mil detentos que cumprem pena em regime fechado, a data é lembrada com melancolia por estarem na prisão.

Publicado em 25/12/2014 às 8:00 | Atualizado em 14/03/2024 às 13:25

“Eu sempre fui a alegria da minha casa. Fazia a festa. Agora estou triste de passar esse segundo Natal longe da minha família”, relatou a reeducanda da penitenciária de recuperação feminina Maria Júlia Maranhão, que fica em João Pessoa, Ivonete da Silva. Ela faz parte do universo de mais de dez mil detentos dos presídios de toda a Paraíba que festejarão o fim do ano encarcerados.

Ivonete, que hoje tem 43 anos, nunca teve filhos, nem se casou, mas seus nove irmãos lhe deram 45 sobrinhos que fazem sua alegria e a fazem sentir ainda mais saudades de casa. Ela lembra a dificuldade que foi se separar da família por ter que ir para o presídio. Ivonete relembra os motivos pelos quais ela foi parar naquele lugar. “Eu trabalhava em um comércio, aí uma amiga pediu para eu levar uma encomenda para ela. Não vou mentir que eu achei que fosse algo errado, mas não imaginei que, a essa altura do campeonato, eu fosse vir parar na prisão”, lamentou.

Para a reeducanda, o crime que ela estava cometendo, ao se envolver com o tráfico de drogas, não era tão grave, mas não imaginava ela que a quadrilha com a qual estava trabalhando vinha sendo investigada há muitos anos. Hoje ela está detida no 'Bom Pastor' e não tem previsão de quando sairá de lá. Ao ser questionada sobre como será mais esse fim de ano dentro da penitenciária, ela não contém as lágrimas e diz que não esperava passar mais esse ano ali.

“Meu processo está nas mãos do juiz. Eu achei que ele fosse reavaliar minha situação ainda esse ano. Mas já é Natal e eu não vou nem virar o ano novo com a minha família mais uma vez. Estou muito triste, pois essa época me faz lembrar das nossas reuniões, e todos, quando vêm me visitar, dizem o quanto eu faço falta”, comentou.

O fim do ano no presídio, de acordo com Ivonete, é animado. Lá, os grupos religiosos, bem como a administração do próprio presídio, promovem festas animadas para garantir que as detentas não se sintam solitárias. No ano passado, seu primeiro na prisão, Ivonete disse que esses festejos a ajudaram a superar a tristeza. “Eu consegui ficar mais animada, esquecer um pouco isso tudo que estou passando, e me diverti até. Mas eu acho que o fim do ano é o pior. Você tem em sua frente um novo ano chegando, quer fazer planos, mas sabe que não pode, porque ano que vem não poderá dar seguimento a esse sonho”, desabafou.

Assim como ela, a vida no presídio veio por consequência para a detenta Kelle da Silva, de 35 anos. Ela também está em regime provisório por crime de tráfico de drogas. A história de Kelle é um pouco diferente da de Ivonete. Ela sabia que seu esposo traficava drogas, mas não queria deixá-lo e, quando ele foi preso, ela foi levada como cúmplice.

Diferentemente de Ivonete, Kelle não tem muito apoio da família.

Ela é de Pernambuco, o que dificulta a vinda de sua família, que vem poucas vezes no ano visitá-la. Para ela, esse período serve para reavaliar os erros e lembrar que, quando sair de lá, fará de tudo para não se envolver com nada novamente. “Aqui tem meninas que fazem cabelo, unha, maquiagem, a gente faz curso.

Tem muita coisa, mas, mesmo assim, não dá para se acostumar. No fim de ano e sempre que é data comemorativa, tem festa, mas não temos nossa família para abraçar. É triste!”, comentou.

Esse será o quarto Natal de Kelle dentro do presídio. Apesar de lamentar essa situação, ela diz que já não sofre tanto. Para o ano que vem, as expectativas são de recomeço. “Eu sei que meu processo está nas mãos do juíz. Eu achei que ele ia ver esse ano e que eu ia poder ser liberada esse ano, mas ainda não aconteceu isso. Passarei esse fim de ano aqui, mas com esperanças de que, no início do ano que vem, eu possa sair”, prospectou.

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Jornal da Paraíba

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