VIDA URBANA
Pastoral atende 9 mil famílias em extrema pobreza
Trabalho voluntário busca reduzir a desnutrição infantil e mudar uma estatística, de quase dois milhões de habitantes sem segurança alimentar.
Publicado em 31/03/2012 às 6:30
Cerca de nove mil famílias, que vivem em condição extrema de pobreza, são acompanhadas mensalmente pelos voluntários da Pastoral da Criança, ligada à Arquidiocese da Paraíba. Elas vivem em 267 comunidades carentes, instaladas em João Pessoa e em outros 34 municípios, e enfrentam diariamente sérias dificuldades para se alimentar.
O trabalho dos voluntários busca reduzir a desnutrição infantil e mudar uma estatística preocupante: na Paraíba, segundo Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), feita em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há quase dois milhões de habitantes sem segurança alimentar.
O problema foi constatado em 505 mil das quase um milhão de residências que existem no Estado. Como o IBGE considera que, em cada residência, moram em média quatro pessoas, a quantidade de domicílios equivale a quase média de dois milhões de habitantes. Dos 505 mil domicílios, 146 mil estão em estado grave de insegurança alimentar e vivem sob o risco iminente de passarem fome.
Apesar da meta principal ser o combate à mortalidade infantil, a coordenadora da Pastoral da Criança da Arquidiocese da Paraíba, Viviana Barbosa, diz que as ações do grupo beneficiam as famílias inteiras. O trabalho é feito por 1.696 voluntários que, uma vez por mês, visitam as comunidades carentes para acompanhar o crescimento das crianças e dar orientações aos adultos.
“Nessas visitas, nós pesamos e medimos as crianças e fazemos perguntas às mães. Procuramos saber, por exemplo, se a criança ainda é amamentada, se tem espaço para brincar, se usa água filtrada. Damos orientações e ensinamos, principalmente, as formas de prevenir doenças”, afirma.
Nas localidades em que os voluntários detectam que a criança está desnutrida, ocorre a distribuição da multi mistura, um composto nutricional que ajuda no ganho de peso. No entanto, o material não vem sendo muito utilizado, devido à queda nos índices de desnutrição infantil.
“Usamos muito essa multi mistura nos anos de 90, quando a desnutrição era mais comum. Agora, o problema que detectamos é a obesidade entre as crianças”, destaca a coordenadora.
Em João Pessoa, uma das comunidades atendidas pela Pastoral da Criança é a Padre Hildon Bandeira, instalada às margens da avenida Beira Rio. São 193 famílias beneficiadas. Uma delas é a da dona de casa Ericka Gomes da Silva, 23 anos. Mãe de um filho, a jovem conta que recebe o acompanhamento da Pastoral, desde que estava gestante.
“Desde pequeno, eu tomo conta de meu filho do jeito que a Pastoral me diz, para evitar que ele fique doente. Ele mamou até os seis meses de idade, só bebe água tratada e sempre lavo bem as coisas antes de dar a ele para comer”, diz a dona de casa.
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