VIDA URBANA
Pavilhão do Chá está servindo de abrigo para moradores de rua
Restaurante que existia no local fechou. Internautas organizam protesto na praça para o próximo dia 1º de fevereiro.
Publicado em 22/01/2015 às 10:00 | Atualizado em 28/02/2024 às 16:12
O Pavilhão do Chá, localizado na Praça Venâncio Neiva, no Centro de João Pessoa, está sendo utilizado por pessoas em situação de rua como abrigo. A praça foi revitalizada em 2010 e o coreto, reinaugurado no dia 17 de julho de 2012. Entretanto, o restaurante, que funcionava no Pavilhão, está fechado. Para reivindicar a reabertura do conjunto, um dos pontos turísticos mais famosos da capital, internautas estão organizando um protesto na praça. A manifestação tem como objetivo criticar a prefeitura por falta de investimentos culturais no Centro, bairro histórico e também turístico. O evento está marcado para o dia 1º de fevereiro.
Conforme a secretária de Desenvolvimento Social de João Pessoa, Marta Geruza, a época da alta estação, que compreende os meses de dezembro a fevereiro, tem um aumento de pessoas que vivem nas ruas, vindas tanto do interior da Paraíba como de outros Estados. Ela contou também que a seca representa outro fator para o fluxo maior dessas pessoas em espaços públicos.
“Chamamos de população em situação de rua porque entendemos que não moram nas ruas porque querem, embora haja casos que tenham optado. É uma situação, essas pessoas perderam os vínculos familiares”, ponderou. Geruza apontou, ainda, que problemas relativos à 'drogadição' e ao alcoolismo influenciam para o crescimento desta parcela da população. Ela acrescentou que há serviços de abrigo para essa população, mas que muitas pessoas não passam mais de duas semanas.
Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) de João Pessoa, o restaurante que funcionava no coreto da praça fechou no meio do ano passado, embora o vencimento do contrato com a prefeitura fosse somente novembro do mesmo ano. A permissão para comercializar é concedida através de uma licitação feita pela prefeitura, que estuda a viabilidade dos projetos de interessados. A assessoria informou que uma nova licitação ainda está em fase de estudos, mas sem previsão para abertura do processo.
O coordenador da Coordenadoria do Patrimônio Cultural de João Pessoa (Copac-JP), Fernando Milanez, disse que a praça já está restaurada e que a Copac tem a função de preservação do local, que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado da Paraíba (Iphaep). “Aquilo representa o coração da cidade, e fica ao redor de todos os Poderes Públicos. Mas só uma nova licitação pode ativar o local, para ter mais movimentação por ali e tornar o lugar mais aconchegante, mais aprazível”, pontuou.
O flanelinha Edmilson Alves do Nascimento reclamou da situação atual da praça, com a grama dos jardins ressecadas, além do coreto fechado. Edmilson contou que ele mesmo joga água nos jardins, pois não vê os órgãos competentes administrarem a área. “Acho que a prefeitura deveria também alugar o coreto para alguém para poder funcionar, para população poder vir por aqui e passear”, ponderou.
600 PESSOAS ADEREM AO #OCUPAPAVILHÃO
O produtor cultural Fábio Inocêncio está organizando, através do Facebook, o evento “#OcupaPavilhão”, com a proposta de fazer um manifesto contra a demora da prefeitura em dinamizar e transformar o Centro de João Pessoa como polo cultural. Mais de 600 pessoas confirmaram presença e cerca de 3,5 mil foram convidadas para participar.
“A expectativa é de que venha muita gente. Eu e um grupo de amigos tínhamos notado essa carência de pessoas e movimentação social no Centro. Qualquer pessoa pode participar, haverá exibição de filmes, piquenique, intervenção teatral, DJs e apresentações de artistas”, enumerou.
Segundo o diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Maurício Burity, o que está ocorrendo é que apenas os grandes eventos foram relocados para outros pontos da cidade, por recomendação do corpo de bombeiros, mas a instituição manteve os outros eventos no Centro, além de criar novos espaços para a cultura.
“Recentemente recuperamos um aparelho importante para a cultura, que foi a Casa da Pólvora, que será palco para várias ações culturais, das quais já está programado o festival de marchinhas e no mês de março, vamos divulgar a programação para aquele local, trimestralmente”, argumentou Burity.
Ainda sobre as ações para o Centro Histórico, o diretor da Funjope afirmou que apenas o São João e o Extremo Cultural tiveram que ser relocados para a orla, porque, no local onde eram realizados - Ponto de Cem Réis - não comportava o público estimado e para segurança e comodidade do público.
“Depois do laudo dos bombeiros apontando que o local só poderia receber seis mil pessoas, entendemos que o público esperado era muito maior que isso e para não deixar de realizar os eventos, tivemos que relocá-los, mas outros eventos, como o Festival de Música Clássica, Festival de Dança, Festa das Neves, entre outros, continuam ocorrendo no Centro Histórico”, ressaltou o gestor.
Sobre o Pavilhão do Chá, Maurício Burity falou que aquele espaço não possui programação cultural, mas que vai colocar em pauta, aceitando sugestões de atividades para a praça e que a Funjope está à disposição da população para criar essa programação. (Renato Gallotti - Especial para o JP)

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