VIDA URBANA
PB com açudes no vermelho
Dos 121 mananciais monitorados pela Aesa e Cagepa, 56 estão com a capacidade abaixo de 20% do total,sendo 15 com nível abaixo de 5%.
Publicado em 19/03/2013 às 6:00
A situação hídrica na Paraíba está sendo considerada crítica por especialistas. Dos 121 mananciais monitorados pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), em parceria com a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), 56 estão com a capacidade abaixo de 20% do total, sendo que destes, 15 estão com o nível de água menor do que 5%. Os outros 65 mananciais estão acima de 20% da capacidade. As informações foram divulgadas no primeiro dia da programação da Semana Mundial da Água.
De acordo com o gerente regional de Bacia Hidrográfica da Aesa e coordenador do Programa Água Doce na Paraíba, Isnaldo Cândido da Costa, os mananciais da Paraíba estão com um déficit de 63% da capacidade total de água. “Se todos os mananciais monitorados por nós no Estado estivessem cheios, a capacidade de armazenamento da Paraíba seria de quatro bilhões de metros cúbicos (m³), mas atualmente temos apenas 1,3 bilhões/m³, ou seja, 37% de sua capacidade total”, afirmou.
Conforme Isnaldo Cândido, apenas o Litoral paraibano está com a situação hídrica considerada confortável, pelo próprio manancial da região e pelo sistema integrado de abastecimento utilizado pela Cagepa. “O que não significa dizer que a população deva usar a água de forma desordenada. É preciso que as pessoas tenham racionalidade no uso, considerando que não dá para manter as mesmas atividades de quando os níveis de água estavam de normais a alto”, observou.
Isnaldo Cândido disse que os açudes do Brejo paraibano não estão comportando a demanda dos municípios, onde os pequenos mananciais já passam por situação de alerta. Na Região do Agreste, Cariri e Curimataú, o estado do açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) também é preocupante, pois atualmente está com 223 milhões/m³ de água, o que representa apenas 54% da capacidade total. “Ele (açude) tem uma demanda altíssima, já que abastece 18 municípios e sete distritos, onde cerca de um milhão de pessoas dependem dessa água. E aí, a situação fica ainda mais complexa na zona rural”, frisou.
Já no Sertão, Isnaldo Cândido alertou para a situação dos mananciais Coremas e Mãe D'água, que desde novembro do ano passado estão assolados devido a falta de chuva. Em Cajazeiras, o açude Engenheiro Ávidos está com 37 milhões/m³ de água, apenas 14% da capacidade total.
Segundo o diretor de Gestão e Apoio Estratégico da Aesa, Chico Lopes, o principal foco da Semana Mundial da Água, iniciada ontem e que acontece até a próxima sexta-feira em todo o Estado, será o discurso racional da água. “Nós precisamos entender o momento crítico que estamos vivendo e ter a conscientização de usar a água de forma racionalizada, ou de nada vai adiantar reuniões entre os órgãos competentes. Portanto, precisamos da parcela de contribuição da população”, disse. “Se até o dia 30 não chover o suficiente, teremos que discutir outros meios para a solução da seca”, completou.
'ÁGUA DOCE' CONTRA A ESCASSEZ
Por conta da escassez de água e ocorrência de águas salinas e salobras nos poços no Semiárido, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em conjunto com instituições federais, estaduais e organizações da sociedade civil, formulou o Programa Água Doce, visando aumentar a oferta de água de boa qualidade para o consumo humano. Na Paraíba, a coordenação do programa afirma que, até 2015, serão recuperados e/ou implantados 93 sistemas de dessalinização, que transforma a água salina ou salobra em potável.
O coordenador do Programa Água Doce (PAD) na Paraíba, Isnaldo Cândido, disse que das 279 localidades do Estado, listadas pelo MMA, 131 delas já foram visitadas e 21 sistemas de dessalinização recuperados. O PAD visa o estabelecimento de uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, promovendo a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalinização ambiental e socialmente sustentáveis.
ESPERANÇA NO DIA DE SÃO JOSÉ
A esperança que chova até o fim do dia de hoje, dia de São José, é a motivação para Francisco José Divino, 70 anos, que trabalha há mais de 50 anos como agricultor. Devoto do' milagreiro', o morador do bairro de Santo Antônio, em Campina Grande, caminha cerca de três quilômetros por dia para preparar a terra e ver se concretizar a fé que carrega em seu sobrenome.
Empolgado com o céu nublado na manhã de ontem, o trabalhador chegou cedo em seu roçado e fez questão de deixar pronta sua parte para agora esperar as bençãos do céu. “Olha para cima e pedir chuva é não só a minha, mas a última esperança para muita gente que trabalha com a terra. Já plantamos e perdemos muita coisa desde o ano passado, a nossa fé é que daqui para amanhã (hoje) caia chuva com a terra preparada para podermos tirar alguma coisa”, projetou.
De acordo com a meteorologista da Aesa, Carmem Becker, há previsões de chuva para esta semana, no entanto ainda não é possível avaliar a quantidade pluviométrica.
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