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VIDA URBANA

PB tem 117 pessoas sem nome na lista de transplante

Dados foram levantados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos e integram o Registro Brasileiro de Transplantes.

Publicado em 12/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 12/07/2023 às 12:18

Um estudo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) estima que 117 pacientes que residem na Paraíba e precisam receber um novo fígado ou coração não conseguiram realizar o procedimento no Estado em 2013.

Os dados integram o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) da ABTO e foram divulgados este ano. Segundo informações do presidente da entidade, Lúcio Pacheco, esses pacientes não estão cadastrados na lista de espera e não recebem o acompanhamento necessário para ter acesso aos serviços na Central de Transplantes.

Os resultados do RBT mostram que no ano passado a necessidade anual estimada de transplantes foi de 94 pessoas precisando receber fígado e outras 23 necessitando de transplante de coração, na Paraíba. Mas o relatório revela que em 2013 não houve transplante de coração e fígado no Estado.

De acordo com o presidente da ABTO, o cálculo para levantar as estatísticas da necessidade anual estimada de transplantes considera a proporção de 25 transplantes para cada milhão de pessoas.

“Essas pessoas são pacientes que não têm acesso à lista de espera ou não recebem o encaminhamento médico correto. Ou seja, pessoas que precisam de um transplante, mas não estão tendo acesso aos Centros de Transplantes e o número desses pacientes é bem maior do que o que aparece na lista”, explicou Lúcio Pacheco.

A lista de espera por transplantes na Paraíba, até dezembro do ano passado, contava apenas com três pacientes aguardando transplante de fígado e nenhum precisando de coração.

Já no caso de espera por um novo rim e córnea, o quantitativo também é menor do que a estimativa da ABTO. Para transplante de rim, a associação estimava que 226 pessoas precisavam de transplante, mas o cadastro registrava apenas 24 pacientes. Na luta para receber córneas, a necessidade levantada pela entidade médica era de 339 pessoas, e a lista apresentava 148.

A possibilidade da realização de transplantes é uma esperança para os pacientes residentes na Paraíba e que estão na expectativa por um novo órgão. É o caso de Mariene Franquelino de Oliveira, de 26 anos. Com uma doença renal degenerativa diagnosticada ainda na infância, a estudante está há 4 anos na fila de espera por um rim e enquanto não consegue realizar o procedimento, enfrenta três vezes por semana a hemodiálise.

“Tem dias que saio da hemodiálise e nem parece que passei por isso. Em outros dias, eu saio com dor de cabeça, enjoada.
É um sufoco”, lamenta a estudante, que já conseguiu uma doadora e se prepara para os testes de compatibilidade.

NOMES NÃO INTEGRAM BANCOS DE ÓRGÃOS

A coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Gyanna Lys de Melo, explicou que as estimativas divulgadas pela ABTO comparam a Paraíba com dados nacionais. Contudo, ela concorda com a explicação dada pelo presidente da associação e acredita que esses dados podem ser de pacientes que não estão cadastrados no Banco de Órgãos ou que não estão recebendo a orientação correta quanto aos procedimentos para realizar transplantes.

“Eles fazem essa estimativa em termos de milhões da população em nível nacional. Nós ainda não recebemos esses estudos oficialmente. Isso é uma estimativa por milhão da população e quantos pacientes a Paraíba deveria ter inscrito.Ou então, esses pacientes não estão chegando até nós. Quem precisar de transplante de coração deve marcar o atendimento no Hospital Universitário de João Pessoa e lá tem um médico transplantador”, disse.

Embora tenha informado que não recebeu oficialmente o último documento emitido pela ABTO, Gyanna Lys de Melo disse que a fila por transplantes começou a diminuir este ano no Estado. Segundo ela, até o mês passado foram realizados sete transplantes de rim, 36 de córnea e um de fígado.

A coordenadora explicou ainda que a Paraíba dispõe de equipes de captação de órgãos nos Hospitais de Emergência e Trauma de João Pessoa e Campina Grande e ainda na capital há um hospital privado que é credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar transplante de coração. Ainda na capital, o Hospital São Vicente de Paula está sendo recredenciado pela Vigilância Sanitária Municipal para realizar transplante de rim. Por enquanto, esse procedimento está sendo realizado apenas no Hospital Antônio Targino, em Campina Grande.

LISTA DE ESPERA NA PB

Conforme reportagem publicada no JORNAL DA PARAÍBA em fevereiro deste ano, a fila de espera por pacientes renais está 375 pessoas, sendo 335 em Campina Grande e 40 em João Pessoa, segundo informou o presidente da Associação dos Pacientes Crônicos-Renais e dos Transplantados de Rim, Carlos Roberto da Silva. O representante da entidade alega que, com a demora na captação de órgãos, muitos pacientes adoecem e não conseguem ficar aptos ao transplante.

“Do total desses pacientes que estão esperando, 120 não têm condições no momento de fazer a cirurgia. O paciente renal corre atrás do tempo. Nós não temos hoje equipes de captação de órgãos nos Hospitais de Trauma de João Pessoa e Campina Grande. Os 53 transplantes que foram realizados no ano passado estão bem longe da realidade da fila de espera”, lamentou Carlos Roberto.

A fila de espera por córnea também aumentou de 2012 para 2013, conforme o registro da ABTO divulgado este ano. O número de pessoas que precisavam de transplante de córnea passou de 86, em 2012, para 148, no ano passado.

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Jornal da Paraíba

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