PB tem maior diferença em número de mortes de negros e brancos

Da Redação
Com Estadão

No Brasil, em cada três assassinatos, dois são de negros. O Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Instituto Sangari em parceria com o Ministério da Justiça, mostra que a Paraíba apresenta a maior disparidade. Os dados impressionantes revelam que, em 2008, morreram 1.083% mais negros do que brancos no Estado.

Apesar de alto, o percentual de 2008 caiu em relação ao de 2007, que foi divulgado no ano passado. O número de negros vítimas de homicídio era 12 vezes maior do que o de brancos.

Em Alagoas, no mesmo ano, foram 974,8% mais mortes de negros. Em 11 Estados, esse índice ultrapassa 200%.

No Brasil, essa diferença já existia dez anos antes, mas era de 20%. Os números nacionais mostram que, enquanto os assassinatos de brancos vêm caindo, os de negros continuam a subir. De 2005 para 2008, houve uma queda de 22,7% nos homicídios de pessoas brancas; já entre os negros, as taxas subiram 12,1%.

Segundo o Mapa da Violência, apenas no Paraná morrem mais brancos do que negros, com uma diferença de 34,7%.

O diretor de pesquisas do Instituto Sangari, Julio Jacobo Waiselfisz, atribui a diferença à falta de segurança sofrida pela população mais pobre, em que os negros são maioria. "O que acontece com a segurança pública é o que já aconteceu com outros setores, como educação, saúde, previdência social: a privatização. Quem pode paga a segurança privada. Os negros estão entre os mais pobres, moram em zonas de risco e não podem pagar”, comenta.

Como o estudo é feito

O Mapa da Violência utiliza o sistema de classificação de cor adotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para simplificação, negro passou a ser adotado tanto para os que se declaram pretos quanto para os pardos. O sistema só incluiu a informação em 2002, quando 92% dos óbitos já relacionavam a cor da vítima.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, lança nesta quinta-feira (24) o Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil. O documento servirá de subsídio a políticas públicas de enfrentamento à violência. Baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o estudo mostra o aumento do número de mortes de jovens por homicídio, acidentes de trânsito e suicídio.