Perícia constata lesões e Secretaria diz que vídeo foi gravado no Roger

Karoline Zilah

Os primeiros resultados do exame de corpo de delito realizado na manhã da terça-feira (14) no detento Carlos José dos Santos, que confessou ter assassinado cinco pessoas na chacina do Rangel, confirmaram que houve agressão. O laudo entregue à Secretaria de Cidadania e Administração Penitenciária do Estado demonstra que o réu sofreu lesões nas costas e no tórax.

O resultado definitivo só sai nesta quarta (15). O réu confesso foi analisado por dois médicos legistas no Instituto de Polícia Científica, em João Pessoa, e depois retornou à cela isolada no presídio do Roger.

Após analisar as primeiras evidências e um vídeo que foi divulgado na segunda-feira mostrando o preso sendo espancado, a secretaria já adiantou uma certeza: as imagens foram mesmo feitas dentro do Roger. A informação contraria a defesa do ex-diretor da unidade, Dinamérico Cardim, que falou em entrevista à rádio 101 FM que o vídeo seria uma montagem e não teria sido gravado na instituição.

Assista aqui ao vídeo.

Dinamérico foi afastado de suas funções enquanto uma sindicância apura a participação dele e de agentes penitenciários na sessão de tortura. O secretário executivo de Administração Penitenciária, coronel Maurício Souza, declarou que é necessário fazer primeiro uma análise do material que circula na internet para detectar quem realmente participou das agressões. Aqueles que comprovadamente estiverem envolvidos poderão responder por crime de lesão corporal.

Mostrando-se indignado com os indícios de tortura, José Mário Porto, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional da Paraíba, anunciou que instaurou uma Comissão de Direitos Humanos para apurar as denúncias de maus tratos nos presídios de João Pessoa. Segundo ele, os familiares podem colaborar com as investigações levantando informações e encaminhando-as para as autoridades.