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VIDA URBANA

Perigo no céu: PB registra 36 incidentes por ano entre aves e aviões

Maiores ocorrências são durante a fase de pouso, e a parte das aeronaves que mais sofrem são os motores, a fuselagem e as asas.

Publicado em 19/04/2015 às 7:05

Em 22 de janeiro de 2014, às 11h56, um avião da TAM iniciava as manobras para decolagem no Aeroporto Internacional Castro Pinto, em João Pessoa, quando colidiu com um urubu. O incidente danificou os motores da aeronave, que teve seu voo cancelado. Oito dias depois, no mesmo aeroporto, outro avião foi afetado por uma colisão com um pássaro da espécie bem-te-vi. Juntos a esses, mais 138 episódios semelhantes aconteceram no local nos últimos cinco anos. Já em Campina Grande, no Aeroporto Presidente João Suassuna, as estatísticas do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira, indicam 40 incidentes no mesmo período. Juntos, os números somam uma média de 36 incidentes por ano no Estado.

Os casos citados integram as estatísticas sobre avistamentos, quase colisões e colisões de animais (aves e mamíferos) com aeronaves, sejam civis ou militares. O Cenipa estima que a maior quantidade de ocorrências acontecem durante a fase de pouso, e a parte das aeronaves que mais sofrem colisão com a fauna, são os motores, a fuselagem e as asas. Os dados reunidos pelo órgão indicam que a Paraíba registrou 48 episódios envolvendo animais em 2011, e em 2012, foram 41 casos. Já em 2013, o número no Estado aumentou, quando houve 52 acidentes, e em 2014, mais 35 casos se somaram aos registros. Esse ano, até o último dia 2 de abril, o Cenipa já contabiliza mais 7 episódios nos aeroportos paraibanos.

As colisões com aves podem trazer vários prejuízos às aeronaves, que mesmo preparadas para suportar esse tipo de ocorrência, são danificadas, chegando até a causar o cancelamento de voos e desestabilização das aeronaves, informou o Cenipa. O risco pode ser ainda maior, segundo o órgão, se a parte atingida na colisão forem os motores da aeronave. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos solicita ainda que os aeroportos reportem estas ocorrências, para que medidas possam ser tomadas, evitando que acidentes graves aconteçam.

Ainda segundo as estatísticas do Cenipa, as aves que mais afetam os voos na Paraíba são os quero-queros, urubus e garças-vaqueiras. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), informou que não há como zerar estes números, recomendando que os aeroportos tomem providências para gerenciar o aeródromo e seu entorno, num raio de aproximadamente 3 km, além de ter uma equipe bem treinada, que patrulhe o local, persiga e disperse quaisquer pássaros nas imediações.

O último caso ocorrido em João Pessoa, foi no dia 24 de fevereiro desse ano. Às 1h57 uma aeronave colidiu com um mamífero, que não foi identificado. Não houve registros de danos ou feridos. Já em Campina Grande, a última ocorrência registrada foi no dia 15 de fevereiro, às 15h15, com um avião da Gol. No momento da aproximação da aeronave para o pouso, um urubu atingiu um dos motores do avião, danos também não foram registrados.

Além do risco no céu, outras ocorrências têm destaque nos relatórios do Cenipa. Em outubro de 2012, um fato curioso aconteceu em Campina Grande. No momento em que a aeronave taxiava (circulava através das rodas) em direção à pista de decolagem, o piloto avistou um cachorro cruzando a pista. O fato foi reportado à estação e técnicos se dirigiram até o local, afugentando o animal para fora da pista.

Medidas de prevenção podem minimizar os riscos

Os riscos de colisões com aves são previsíveis, segundo especialistas, pois vários fatores contribuem para atrair os animais para o entorno dos aeroportos, como o acúmulo de lixo e alguns tipos de vegetação. Dessa forma, cabe aos órgãos administrativos e técnicos que gerenciam os aeroportos, a resolução do problema. Uma ideia seria usar radares para detectar pássaros, a exemplo dos equipamentos que monitoram as condições do tempo e a intensidade do vento e que já existem nos aeroportos. O radar enviaria a informação ao controle de tráfego aéreo e também aos pilotos, de forma a ajudá-los a evitar bandos eventuais na rota.

Sobre as medidas de prevenção utilizadas nos aeroportos paraibanos, a assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), informou que em João Pessoa, por exemplo, são desenvolvidas ações do Plano de Gerenciamento do Risco da Fauna, programa interno do órgão que, entre outras atividades, realiza vistorias na pista de pouso e decolagens, faz o afugentamento de aves e captura animais presentes na área operacional.

Outra atividade realizada na capital é o levantamento de aves e fatores atrativos na área do aeroporto, assim como um projeto de levantamento da vegetação, realizado em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFCG), que realiza o manejo indireto e contribui para reduzir os fatores atrativos aos animais.

Já no Aeroporto de Campina Grande, a Infraero alegou que são realizadas vistorias diárias nas pistas de pouso e decolagem com o objetivo de localizar focos de aves. Se encontrados, são utilizadas técnicas de afugentamento como sirenes e fogos de artifício. Além disso, são realizadas vistorias periódicas no entorno do aeroporto com objetivo de localizar áreas de descarte incorreto de lixo, quando o órgão aciona a Prefeitura Municipal. Além disso, são realizadas campanhas educativas no entorno do aeroporto para alertar sobre os riscos de descarte incorreto de dejetos que podem se tornar focos atrativos de aves.

O superintendente do aeroporto Presidente João Suassuna, em Campina Grande, Roberto Germano de Souza, informou que o número de afetações no local é pequeno em relação à quantidade de voos. “Neste ano, só registramos uma colisão, o que é considerado dentro da normalidade”, explicou, reafirmando que a equipe técnica do aeroporto realiza as ações informadas pela Infraero em relação às medidas de prevenção no local.

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Jornal da Paraíba

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