VIDA URBANA
Poder político e dinheiro "sujam" eleição de instituições na Paraíba
Em João Pessoa, por exemplo, nas eleições dos conselhos tutelares até mesmo a “compra” de candidatos por agentes políticos se transformou numa realidade.
Publicado em 08/11/2009 às 8:03
Aline Lins
Do Jornal da Paraíba
A interferência do poder político e da influência econômica no processo de escolha interna das instituições na Paraíba já está chamando a atenção da academia. Nas universidades, o assunto já toma conta de debates em salas de aula e se transforma em teses e monografias. O “fenômeno” em questão está sendo avaliado em seus níveis de contaminação desde a base - como as Sociedades de Amigos de Bairro e Conselhos Tutelares - até esferas de influência poderosas, como a Ordem dos Advogados do Brasil e a poderosa Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep-PB).
“Lamentavelmente, nos últimos tempos, existe bastante material para estudo sobre essa contaminação sem limites das instituições no processo de partidarização de escolha dos dirigentes”, avalia o cientista político Ítalo Fittipaldi. Segundo o especialista, as informações sobre o desvirtuamento das eleições internas nas instituições são “assombrosas e preocupantes”.
Em João Pessoa, a situação é crítica, por exemplo, nas eleições dos conselhos tutelares. Até mesmo a “compra” de candidatos por agentes políticos se transformou numa realidade que já não é mais escondida. “A negociação é grande, tem vereadores aí que estão dando de R$ 2 mil a R$ 5 mil para o conselheiro fazer a campanha”, revelou Carlos Antônio Ribeiro da Silva, 32 anos, educador social que está tentando a recondução ao cargo de conselheiro, mas se diz desestimulado em função da concorrência desleal com candidatos apoiados por donos de mandatos.
A presidente do Conselho Tutelar Sudeste de João Pessoa, Lindinalra da Silva, 28 anos, denunciou que grande parte dos candidatos a conselheiro encara o cargo como “trampolim político”. “Infelizmente virou um cabide de emprego. O que motiva, hoje, algumas pessoas a concorrerem ao cargo de conselheiro tutelar é o salário, a oportunidade de estar em um meio político-partidário”, denuncia Lindinalra.
Ítalo Fittipaldi vê com preocupação esse fenômeno da partidarização de eleições e avalia como perigosa a intensificação dessas interferências. “O grande problema é essas instituições se transformarem em apêndices de partidos políticos, em uma espécie de extensão de legendas, porque assim elas perdem até mesmo a sua legitimidade de representação”, disse o especialista.
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