VIDA URBANA
Polícia já registra 205 invasões de residências em Campina Grande
Ocorrências em CG foram contabilizadas pelo Ciop de janeiro até o último final de semana.
Publicado em 08/12/2015 às 8:00
Na madrugada de ontem, enquanto José Gomes (fictício) trabalhava, sua casa, localizada no bairro da Ramadinha, em Campina Grande, foi invadida por bandidos. Ao retornar, ele se deparou com um cenário inesperado: roupas jogadas no chão, objetos revirados, a falta de uma TV e de cinco pares de sapato representavam, além de um furto a residência, como registrado pela polícia, a certeza de que não há portões e cadeados que impeçam os criminosos de agirem. E casos semelhantes a esse são cada vez mais comuns. Em Campina Grande, a cada dois dias, pelo menos uma residência é alvo de invasão.
Somente este ano, de janeiro até o último final de semana, foram registradas 205 ocorrências desse tipo. Os casos de furto a residência representam a maior parte dos delitos, foram 125 registros. Já os outros 80 são referentes a casos de roubos. O levantamento foi feito pelo JORNAL DA PARAÍBA com base nos relatórios diários do Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop). Os bairros de classe média lideram o ranking das ocorrências. No Catolé, por exemplo, somente este ano, 19 residências foram alvo de roubos ou furtos. O bairro vem seguido do Alto Branco, que registrou 15 ações desse tipo. Já o Jardim Paulistano aparece em 3º lugar, com 12 ocorrências. O horário em que o crime é mais cometido é o período noturno, entre as 19h e 22h.
No bairro do Mirante, área nobre da cidade, as casas comumente possuem segurança eletrônica, mesmo assim, lá já foram registrados 5 furtos a residência este ano. Um dos casos mais recentes aconteceu na rua Engenheiro José Celino Filho. No último sábado, o proprietário da casa saiu às 18 horas, e ao retornar, por volta das 20h30, se deparou com a porta da sua residência arrombada. No interior da casa, além de muita desordem, o dono notou a falta de três televisores, dois notebooks e um botijão de gás. A polícia esteve no local, mas nenhum suspeito foi preso.
Conforme o delegado da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Campina Grande, Danillo Orengo, a polícia tem conseguido efetuar a prisão de pessoas envolvidas nesse tipo de crime, principalmente quando há a presença de câmeras no local ou proximidades, que são utilizadas na investigação. Ele explicou ainda como os casos podem acontecer. “Cada caso tem uma particularidade, algumas vezes os bandidos se utilizam do descuido das vítimas para invadir as casas quando elas saem. Em outros, os criminosos rendem os próprios moradores, realizam a ação e ainda fogem no veículo da casa”, comentou. No entanto, a Delegacia de Roubos e Furtos só investiga casos em que o prejuízo do proprietário é acima de 20 salários-mínimos, os demais casos são encaminhados para as delegacias distritais.
Prejuízo é o que relata a funcionária pública Michele Farias (fictício). A casa que ela mora, no Centro de Campina Grande, foi invadida durante a tarde de um domingo, em junho deste ano, enquanto ela e a irmã saíram para almoçar. Ao retornar, encontraram o portão aberto. Joias, notebooks, celulares e outros objetos de valor foram furtados do local, um prejuízo deduzido em cerca de R$ 20 mil e que, segundo a moradora, ainda não foi recuperado. “Além da parte financeira, temos o transtorno psicológico. Chegar na sua casa e encontrar tudo violado não é fácil. É uma sensação de fragilidade imensa, e de impunidade, ao ver que a polícia não faz nada”, critica.
Bandidos reincidentes
O major Gilberto Felipe, comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM), admite que os casos vêm acontecendo em uma proporção assustadora, mas chama atenção para a legislação, que deveria ser mais rigorosa nesse sentido. Segundo ele, o 2º BPM prendeu cerca de 1.250 pessoas somente este ano, mas apenas uma pequena parte desse total continua presa. “Muitos bandidos que cometem essas ações são reincidentes, o que demonstra a fragilidade do sistema legislativo. Se todos eles estivessem presos, Campina Grande poderia dormir com as portas abertas”, garantiu o comandante.
Major Gilberto destacou ainda que a polícia vai continuar trabalhando para chegar até os autores dos crimes e dar uma resposta, sempre que possível, à população. “A comunidade deve contribuir nos informando situações atípicas e pessoas estranhas nas redondezas de suas casas. Nós vamos continuar o trabalho de rondas e operações noturnas para diminuir esses números, que sabemos que afligem muito a população”, afirmou.
Dicas de segurança
Sistema de alarme é sempre eficaz
Não deixar luz acesa durante o dia
Tenha um cão de guarda
Só atender à porta após identificação prévia
Manter a porta da garagem sempre fechada
Aguardar o fechamento de portões eletrônicos
Ao sair ou retornar da residência, observe as proximidades e, se constatar a presença de estranhos, não entre
À noite, deixe pelo menos uma lâmpada acesa na área de maior risco da residência
Não aceitar a entrada de técnicos não solicitados.
Ao viajar, avise a parentes ou vizinhos de confiança, para que eventualmente verifiquem a residência e coletem correspondências
Se perder as chaves, troque as fechaduras
Não dê informações por telefone para pessoas desconhecidas
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