VIDA URBANA
População denuncia insegurança
Para moradores do Colibris, nem toda a precaução é capaz de deter os bandidos; assaltos e arrombamentos são frequentes.
Publicado em 02/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 04/03/2024 às 17:27
Muros altos, cercas elétricas, grades e ruas quase desertas.
Esse é o cenário que se pode observar mesmo em uma manhã tranquila no bairro Jardim Cidade dos Colibris, localizado na zona sul de João Pessoa. Para os moradores, nem toda a precaução tomada dentro e fora de casa é capaz de deter a ação dos bandidos, que quase diariamente fazem vítimas na região. Assaltos e arrombamentos são os crimes mais frequentes.
O taxista Francisco de Oliveira relata os casos de insegurança presenciados por quem mora no bairro. Ele reside em uma casa na rua Albertina Cabral Dantas há cerca de 15 anos, época na qual, segundo ele, a situação era bem diferente. “Os tempos mudaram muito. Hoje em dia aqui é inseguro demais. Não tem quem passe por um terreno baldio aqui – coisa que tem muito aqui no bairro – e não seja assaltado. Além disso, a gente conta nos dedos as casas que ainda não foram vítimas de arrombamentos, eu mesmo já tive minha casa arrombada duas vezes”, declarou o morador que ainda ressaltou: “Eu me sinto totalmente inseguro aqui”.
Para se proteger da ação dos bandidos, o taxista aponta uma medida tomada por quase todos os moradores das redondezas: a instalação de cercas elétricas. Além dessa medida de segurança, o taxista ainda disse que instalou em sua casa sensores de presença, grades em todas as portas, além de sempre observar como está a situação da rua antes de entrar em casa, pois, se ele notar alguma movimentação estranha, desvia logo do percurso. “Meus filhos também não brincam na frente de casa se eu não estiver. A gente tem que fazer isso para se proteger, porque a insegurança está demais. Além disso, é difícil demais ver um policial por aqui. Falta policiamento para nos proteger”, frisou.
Ele não é o único a relatar a violência vivenciada por quem mora no bairro Jardim Cidade dos Colibris. Vítima de dois assaltos, a aposentada Maria José da Silva passa o dia com a grade da porta da entrada da casa fechada. Ela comenta que o local não é esquisito apenas à noite e, para evitar ser mais uma vez vítima, ela procura não sair de casa. De acordo com a aposentada, já teve até tentativa de estupro na localidade.
“Minha vizinha só não foi estuprada porque acudiram na hora.
Minha neta mesmo teve o celular roubado faz um mês quando ia para a escola, minha outra vizinha tava na frente de casa quando 'passaram a mão' em dois celulares. Aqui é muito esquisito e inseguro”, afirmou.
Dizendo ter sido o primeiro morador do bairro, o pedreiro Carlos Rangel também comentou a sensação de insegurança vivenciada pelos moradores. Segundo ele, os piores trechos são do ponto de ônibus até as casas e no retorno das escolas. "A segurança aqui está zero e eu não sou o único a achar isso, é todo mundo. Alguém tem que tomar uma providência”, opinou.
Há quem utilize ainda outra estratégia para fugir dos bandidos: se refugiar no local movimentado mais próximo. Esse foi o caso da dona de casa Fabiana de Santana. Ela disse que andava pela rua quando percebeu que ia ser assaltada, pois notou que estava sendo seguida. “Eu fui para a casa lotérica e percebi a movimentação estranha, aí corri para uma escola e fiquei esperando. É complicado viver assim”, lamentou.
Polícia afirma que realiza rondas.
De acordo com o comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM) – responsável pelo policiamento da região sul da cidade -, major Sena, atualmente uma viatura é responsável por realizar o policiamento preventivo dos bairros Jardim Cidade dos Colibris e José Américo. Além disso, um trio de motos e uma viatura de força tática realizam rondas nas localidades. “Esses bairros também são próximos aos Bancários e a Mangabeira, que possuem diversas viaturas que dão o apoio necessário caso se registre alguma ocorrência no local”, afirmou.
Ainda conforme o comandante do 5º BPM, todos os bairros possuem o mesmo cuidado no que diz respeito às ações da polícia, e, atualmente, o número de viaturas para lá disponibilizado é suficiente para atender à demanda. “Caso esteja havendo mais casos, é preciso que a população notifique para que a gente não fique numa zona de sombra. A subnotificação é um problema existente em todos os bairros, mas é preciso que a população nos informe para podermos atuar. Lá, em particular, não vemos aumento no registro de ocorrências”, comentou o comandante.
Apesar disso, ele reconheceu que as ações da polícia acabam coibindo a ação de bandidos em certos crimes, como, por exemplo, o tráfico de drogas, o que pode fazer com que eles optem por outra modalidade de delito. “Nós fomos a 2ª companhia que mais apreendeu armas. Só em julho, foram 26 armas apreendidas. Isso sem falar nas apreensões de drogas. A gente sufoca de um lado e os bandidos atuam em outro. Mas nós estamos agindo”, garantiu.
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