VIDA URBANA
População vira refém das divisas inseguras
Quadrilhas promovem assaltos e usam locais como rotas de fuga para sair do Estado da Paraíba.
Publicado em 26/05/2013 às 15:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 18:07
Localizados em regiões vulneráveis à ação de bandidos, alguns municípios paraibanos que fazem divisa com outros estados do Nordeste têm enfrentado dificuldades em relação à segurança.
Policiamento insuficiente e ausência de estrutura nas delegacias são os problemas mais frequentes, que acabam facilitando a atuação de bandidos, que encontram nesses locais alvos fáceis e rotas que permitem uma fuga rápida. Dos 223 municípios da Paraíba, 83 fazem divisa com os estados vizinhos do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará.
Em Alcantil, que fica na divisa com Pernambuco e está localizada no Cariri paraibano, os moradores reclamam da falta de segurança e clamam por providências dos órgãos competentes. Eles afirmam que está impossível viver na cidade com a constante onda de crimes que acontecem no local devido ao pouco policiamento da região.
Para agravar ainda mais a situação, a população denuncia que a delegacia da cidade passa a maior parte do tempo fechada, deixando os habitantes sem ter a quem recorrer durante os constantes ataques de criminosos. Segundo relato do caminhoneiro José Luciano de Souza, “uma vez o pessoal ligou para o número 190 da polícia e a ligação foi parar na delegacia de Monteiro. De lá eles avisaram aos policiais daqui e quando a polícia chegou acho que os bandidos já estavam deitados em casa”, criticou.
Ainda conforme informações de moradores, até mesmo o posto fiscal localizado na cidade já foi assaltado. Os veículos que trafegam transportando comerciantes para o estado de Pernambuco também têm sofrido com as ações dos bandidos.
De acordo com o mototaxista Antônio Severino da Silva, os assaltos são frequentes contra vans que trafegam para o polo comercial de Pernambuco. “Eles roubam direto o pessoal que vai para as feiras de Santa Cruz e Caruaru. Uma vez eles levaram cerca de R$ 45 mil de uma van. Nós pedimos proteção e pagamos impostos para isso”, cobrou o morador.
Em Caraúbas, também no Cariri paraibano, a situação não é diferente. Segundo o servidor público Rosinaldo Ferreira, arrastões são frequentes na cidade, que tem apenas dois policiais fixos para fazer a segurança do local. “O caso é sério aqui em Caraúbas, só temos dois policiais na cidade e mesmo assim eles só trabalham da sexta-feira para o domingo. Durante a semana ficamos expostos a todo tipo de ação criminosa, pois daqui que os policiais das cidades vizinhas cheguem, os bandidos já estão em casa”, disse o morador.
O fato foi confirmado pelo tenente Adailton da Silva, da 3ª Companhia de Policiamento Militar Independente (3ªCPMI). Ele explicou que o destacamento da Polícia Militar (PM) de Caraúbas conta com dois policiais fixos e a cidade tem apoio de viaturas de outras cidades que comportam a companhia. “De fato os policiais de Caraúbas não podem trabalhar todos os dias da semana, pois precisam obedecer ao regime de escala de plantão. Quando os policiais de lá estão de folga, nós elaboramos plantões com outras cidades para que a cidade não fique sem cobertura. Durante a semana a cidade conta com rondas das viaturas das cidades de Barra de São Miguel e da Patrulha Rural e Força Tática de Boqueirão”, disse ele.
ROTA PARA O TRÁFICO NO SERTÃO
Nas cidades do Sertão paraibano que fazem divisa com os estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco a maior preocupação é com o tráfico de drogas nessas regiões.
Segundo o comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar de Patos, tenente-coronel Enéas da Cunha Rolim, o policiamento da região está voltado para as áreas consideradas de risco: divisa do município de Teixeira com as cidades de Brejinho e São José do Egito, no estado de Pernambuco; divisa de São José de Espinharas com Serra Negra do Norte (RN) e na estrada que liga Várzea ao município de Caicó (RN).
Conforme explicou o comandante, essas áreas costumam ser usadas por quadrilhas que praticam assaltos e são envolvidas com o tráfico de drogas e, por isso, precisam de maior atenção.
O policiamento nesses locais foi reforçado para garantir maior segurança aos moradores da região. As blitzes estão sendo intensificadas e acontecem pelo menos três vezes por mês. Nós damos prioridade a veículos com placas de outros estados e possantes, além de motocicletas, vans e ônibus”, afirmou o comandante Enéas da Cunha.
Na visão dele, as ações já estão surtindo efeito, pois as ocorrências na região estão ocorrendo com menor fre-
quência. “Os criminosos temem as barreiras policiais e com a frequência dessas atividades eles acabaram ficando amedrontados”, afirmou o tenente-coronel, ao destacar que as ações terão continuidade e serão aperfeiçoadas conforme a demanda da região.
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