Prédios são criadouros do mosquito

Com as portas fechadas e abandonados, casarões e prédios localizados nos bairros do Centro e Varadouro, em João Pessoa, acumulam água da chuva e podem oferecer riscos para a proliferação do mosquito transmissor da dengue na região. Além do volume de água, em alguns imóveis o acúmulo de lixo e recipientes metálicos também transforma-se em possíveis criadouros.

Um dos imóveis em que a água da chuva formou pequenas “piscinas” é o prédio onde funcionou uma das agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), localizado na avenida Duque de Caxias, no Centro da capital, e um prédio onde funcionou uma doceria, no bairro de Tambiá. Na cobertura do prédio do Centro, a água acumulada das últimas chuvas que caíram na cidade e os restos de telhas que cobriam o prédio são ambientes propícios para o Aedes aegypti.

Além da fragilidade encontrada na parte superior do prédio, as rachaduras e infiltrações também comprometem a segurança do imóvel e possibilitam a entrada de água na parte interior do edifício. “Faz 4 anos que trabalho aqui e é muito difícil vir um agente de saúde ver essa situação da água que tem lá em cima do prédio. Nessa parte junta água porque o pessoal que morava aqui quebrou as telhas e ficou sem cobertura. Isso é um risco para a gente”, disse a comerciante Genilda dos Santos.

Outros locais que podem acumular água são os casarões localizados no Centro Histórico que estão em situação de abandono. Somente na avenida Trincheiras são pelo menos dez imóveis nesta situação, a maioria com cobertura lajeada e sacadas descobertas. Os casarões tomados pelo mato são também alvo de vândalos que jogam lixo nos terrenos. Os recipientes plásticos e pedaços de estrutura metálica, provenientes de oficinas, são deixados nas casas e acumulam água das chuvas.

O mecânico Sivaldo Clementino, que trabalha na avenida Trincheiras, revela que os agentes de saúde fazem vistorias na localidade. No entanto, segundo ele, não entram nos imóveis abandonados. “Nessas casas abandonadas o pessoal joga lixo e faz o que quer. Os agentes de saúde passam por aqui, mas quem é que tem coragem de entrar sozinho nessas casas?”, questionou.

Além da situação das casas, no bairro do Varadouro, os prédios onde funcionaram antigos estabelecimentos comerciais, atualmente abandonados, e os cemitérios também oferecem risco para a proliferação de mosquitos da dengue.

VISTORIAS

Ao contrário do que denuncia a população, o diretor da Vigilância Ambiental de Combate à Dengue da Secretaria Municipal de Saúde da capital (SMS), Nilton Guedes, informou que os agentes de saúde ambiental fazem as inspeções no prédio do INSS e nos demais imóveis abandonados e fechados a cada 15 dias. Ele afirma que são colocados inseticidas nas áreas onde pode ocorrer o acúmulo de água e o efeito do veneno dura dois meses.

“Nós temos todas essas áreas mapeadas e sabemos os pontos estratégicos, como os cemitérios, oficinas, sucatas, em que há oferta de criadouro. Mas, nós sempre estamos visitando esses locais e os inseticidas garantem a prevenção. Com relação aos imóveis, nós fazemos contato com os proprietários e eles nos apoiam”, disse Nilton Guedes, acrescentando ainda que um agente de saúde ambiental, de cada Unidade Básica de Saúde, é responsável por vistoriar de 800 a mil imóveis.

Quatro bairros são mais propícios à proliferação do Aedes aegypti.
Conforme o diretor da Vigilância Ambiental de Combate à Dengue da Secretaria Municipal de Saúde da capital (SMS), Nilton Guedes, os bairros do Centro, Varadouro, Ilha do Bispo e Distrito Mecânico são os que mais apresentam locais propícios à proliferação do mosquito Aedes aegypti. “Nessa área existe a oferta de criadouros e nós já estamos desenvolvendo, junto com os moradores, uma ação específica”, disse.

Ele revelou ainda que os agentes têm dificuldade em vistoriar o pátio do Batalhão de Polícia e Trânsito (BPTran), localizado no bairro do Róger e que é de responsabilidade da Polícia Militar. Segundo Nilton Guedes, os veículos apreendidos pelos policiais são colocados de maneira desordenada no pátio e dificulta a ação dos agentes de saúde ambiental.

“Nós temos problemas em vistoriar a área do BPTran porque existe um amontoado de carros e isso dificulta a ação dos agentes. Além disso tem também muito mato próximo aos veículos e os agentes não têm como colocar os inseticidas”, disse o representante da SMS.

Através da assessoria de imprensa, a Polícia Militar nega que haja dificuldade em fazer vistoria no pátio do Batalhão de Polícia e Trânsito (BPTran), pois o local foi reformado recentemente e dividido em espaços para motos e veículos., ambos com acesso totalmente desobstruído, o que facilita o trabalho dos agentes da Vigilância Ambiental de Combate à Dengue da Secretaria Municipal de Saúde da capital (SMS). A assessoria ainda disse que o BPTran se coloca à disposição dos agentes, para que estes possam realizar seu trabalho.

Ainda sobre as áreas de maior incidência da infestação do mosquito transmissor da dengue, as oficinas mecânicas e ferros velhos existentes nos bairros de Oitizeiro, Novaes e Indústrias e também as pessoas que acumulam água em reservatórios em casa (tanques, tonéis) também são áreas propensas à ocorrência da doença.