VIDA URBANA
Prédios tombados são demolidos, diz Iphaep
Iphaep investiga se imóveis tombados estão sofrendo intervenções clandestinas e até sendo demolidos em Cajazeiras e Sousa.
Publicado em 21/02/2014 às 6:00 | Atualizado em 06/07/2023 às 12:33
Prédios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep) são reformados e demolidos, sem autorização do órgão de proteção, nos municípios de Cajazeiras e Sousa, no Sertão do Estado. A denúncia foi divulgada ontem pelo diretor do Iphaep, Aníbal Moura, e será apurada pelo instituto. Ele informou ainda que, além desses municípios, o problema ocorre em Campina Grande.
De acordo com Aníbal Moura, as intervenções clandestinas nos imóveis que formam o Centro Histórico dessas cidades teriam acontecido durante a madrugada e nos finais de semana.
Segundo ele, a situação mais preocupante está no acervo de Campina Grande. “Têm municípios que por uma dinâmica maior e o 'boom' imobiliário, isso se mostra mais urgente, como Campina Grande, até mesmo pela dimensão da cidade. Em Cajazeiras, Sousa, de vez em quando a gente tem sido informado de demolições que aconteceram na 'calada da noite', no final de semana. Isso tudo nos preocupa”, explicou o responsável pelo Iphaep.
A secretária de Finanças de Cajazeiras, Vanóbia Nóbrega, alegou que desconhece a denúncia recebida pelo Iphaep.
Contudo, afirmou que a prefeitura vai apurar a informação e cobrou uma melhor atuação do órgão no Centro Histórico da cidade. “Nós temos 12 prédios históricos tombados, em Cajazeiras, além de outras estruturas existentes em logradouros próximos. O que a gente precisa é que a equipe do Iphaep nos visite para saber como andam os imóveis e se estão sendo trabalhados da forma como prevê a legislação para esses patrimônios”, completa.
A secretária disse ainda que recebeu informações a respeito de procedimentos que estão no Iphaep para a liberação de modificações em alguns prédios tombados existentes na cidade e adiantou que a prefeitura encaminhará um relatório ao órgão sobre a atual situação dos imóveis.
Já em Sousa, o chefe de gabinete da prefeitura, Renan Gadelha, confirmou que uma casa tombada pelo Iphaep e localizada no Centro da cidade foi demolida no último dia 9.
Segundo Renan Gadelha, os proprietários do imóvel receberam uma notificação da prefeitura proibindo a demolição. No entanto, a recomendação não foi obedecida. “Nós notificamos a família antes da demolição. Ainda no sábado, dia 8, a polícia esteve na casa e proibiu que a demolição fosse feita. Mas na madrugada do domingo a casa foi derrubada”, revelou Renan Gadelha.
Em Campina Grande, o chefe de comunicação social do município, José Araújo, informou que também não soube de intervenções feitas nos prédios históricos sem o conhecimento do órgão estadual. Ele revelou que há uma ação judicial, movida pela Secretaria de Obras do município contra o Iphaep, pedindo a demolição do antigo prédio onde funcionou o 'Cine Captólio', no Centro.
“Queremos que o poder judiciário autorize a prefeitura a demolir esse prédio, porque as paredes estão em risco de desabar.
Quando está no período das chuvas, nós temos que isolar a área e mesmo assim há riscos de acidentes. Temos muitos projetos para aproveitar aquele terreno, mas só podemos fazer quando o Iphaep liberar”, disse Araújo.
DIAGNÓSTICO DOS IMÓVEIS
Durante o seminário realizado ontem na sede do Iphaep, na capital, Aníbal Moura informou que a intenção do instituto é fazer, junto com os 15 municípios que possuem Centro Histórico, um diagnóstico da situação de preservação de cada um.
“Estão previstas visitas a todos esses municípios com fins específicos para que a gente discuta os problemas do patrimônio naquele Centro Histórico. Vamos ver o que está acontecendo realmente naqueles municípios para que então a gente possa direcionar as nossas ações”, explicou Aníbal Moura.
O diretor adiantou ainda que o prédio do Teatro Santa Roza, no Centro de João Pessoa, será entregue ainda no primeiro semestre deste ano, mesmo período em que o Casarão dos Azulejos, localizado no Centro e que abriga a Secretaria Estadual de Cultura, e o próprio imóvel onde funciona o Iphaep passarão por qualificações e revitalização.
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