VIDA URBANA
Presença da família ajuda no desenvolvimento do prematuro
Uma maternidade bem estruturada, com UTI neonatal e cuidado humanizado, é fundamental para garantir o direito à vida e à saúde das crianças que nascem prematuras. Nascimentos estão concentrados em João Pessoa e em Campina Grande. Faltam maternidades na Paraíba.
Publicado em 25/11/2015 às 11:05
Doze leitos, 12 crianças lutando pela vida. Nas incubadoras da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os bebês prematuros enfrentam o desafio diário de ganhar peso, respirar e passar essa fase tão delicada sem sequelas, como paralisia cerebral e cegueira. Em alguns casos os bebês são tão pequenos que até para os médicos a sobrevivência representa um milagre. Segundo a médica neonatologista Juliana Soares, coordenadora da unidade neonatal do ICV, vai para a UTI os bebês que apresentam dificuldade para respirar e necessitam da ajuda de aparelhos, o que é comum.
Francisco França
Nas incubadoras, os bebês prematuros recebem os cuidados dos profissionais.
Uma maternidade bem estruturada, com UTI neonatal e cuidado humanizado, é fundamental para garantir o direito à vida e à saúde das crianças que nascem prematuras. “Na verdade, temos que buscar garantir esses direitos antes mesmo do nascimento. O prematuro deve nascer em um lugar onde ele possa ser cuidado, esse é o primeiro direito da criança”, declara a médica. As complicações da prematuridade são várias, dentre elas a dificuldade para respirar sozinho, problemas cardíacos, hemorragia cerebral, perda da visão, etc.
A presença da família é outra garantia que o prematuro tem. A mãe e o pai podem entrar na UTI neonatal a qualquer hora, sem restrições. Outro ponto que merece ser lembrado é que os irmãos também têm o direito de visitar o bebê, o que vai ajudar no fortalecimento do vínculo familiar. “Isso é importante porque geralmente o prematuro passa de dois a três meses dentro do hospital. A ideia é que a família participe desse processo e fique próximo do bebê”, pontua.
Antes desse modelo de manter a família próximo, havia situação na qual a criança, ao ir para casa, era vítima de maus tratos porque a mãe não a reconhecia. “Isso vem mudando ao longo dos anos. Trabalhamos com o intuito de manter a mãe junto do filho nesse período de internação, o que tem sido muito proveitoso para ambos”, declara Juliana.
Nos casos em que a mãe não quer ficar com o bebê, a maternidade aciona a Justiça para que a criança seja colocada no cadastro de adoção, evitando assim a adoção à brasileira. No entanto, quando se trata de prematuro, a situação é um pouco mais complicada porque o bebê requer cuidados especiais por um período mais longo. Segundo a médica, é comum ter prematuros de mulheres usuárias de drogas, que logo abandonam seus filhos para voltar às ruas e ao vício.
Para esses casos, há o projeto Acolher, do Tribunal de Justiça, que já atendeu mais de 300 crianças recém-nascidas desde que foi criado, em 2011. “A ideia é evitar que mães cheguem ao desespero de ter que colocar a criança em lata de lixo, como vemos acontecer no dia a dia”, relata o juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, Adhailton Lacet.
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