Profissionais do sexo admitem gostar do trabalho

Ingressar para o mundo da prostituição, além de ter se tornado mais fácil, com o acesso à internet e telefonia móvel, vem sendo provocado cada vez mais por questões econômicas: mulheres que se deixam seduzir pelo dinheiro e poder em curto espaço de tempo. Segundo a historiadora Uelba Alexandre do Nascimento, escritora do livro 'O Doce Veneno da Noite – Prostituição e Cotidiano em Campina Grande', o tipo de mulher que se prostitui vem mudando ao longo das décadas.

Grande parte das mulheres antes ingressava no meretrício por questões econômicas ou desestruturação familiar. “Encontrei na minha pesquisa de mestrado algumas mulheres que entraram para a prostituição porque simplesmente tiveram vontade: é o caso de Josefa Tributino (ex-proprietária do Cassino Eldorado) que, ficando viúva em fins da década de 1920, com recursos financeiros suficientes para se manter como uma 'senhora honesta', resolveu abrir uma 'pensão de mulheres' simplesmente porque 'o amor lhe chamava'”, disse.

Para a pesquisadora, estaria ocorrendo um encantamento com esta atividade e a probabilidade de se ter muito dinheiro em pouco tempo. “Hoje, vemos garotas que têm certo padrão de vida relativamente bom e que resolvem envolverem-se neste mundo, a nosso ver, para aumentar este padrão. É a questão do consumo desenfreado: busca pelo conforto, boas marcas, viagens, novas tecnologias e tudo mais que a sociedade de consumo ofereça para sua escalada ao status social mais elevado”, alertou.

Entrar ou não na prostituição independe, nos dias atuais, de classe social ou de perfil. “O que podemos observar é uma incidência muito grande de adolescentes, majoritariamente do sexo feminino, estudantes universitárias, vindas de famílias de classe média e residentes em outras cidades, que vêm para Campina Grande estudar e manter um padrão de vida elevado”, concluiu Uelba Nascimento.