VIDA URBANA
Profissionais se reinventam para distribuir afeto no Dia dos Namorados
Isolamento social fez com que antigas demonstrações de carinho voltassem à moda.
Publicado em 12/06/2020 às 6:50 | Atualizado em 12/06/2020 às 16:25
Nos últimos três meses, a pandemia do novo coronavírus tem provocado muitas mudanças à vida de milhares de brasileiros. Na Paraíba, já são mais 25 mil infecções por Covid-19 e de 570 pessoas foram vitimadas pela doença até esta sexta-feira (12). O cenário epidemiológico divide o drama com a crise financeira provocada pela paralisação das atividades econômicas, o que tem feito muitos hábitos antigos retornarem à moda.
Em momentos de crise, empresários e empreendedores enxergam em datas comemorativas a oportunidade de lucrar, e tentar diminuir os prejuízos. Neste Dia dos Namorados, não é diferente. Os empreendedores precisaram se reinventar para dar conta do recado e, como pede a data, aquecer os corações apaixonados.
A musicista Bárbara Azevedo, de 29 anos, é uma dos milhares de paraibanos que estão se reinventando profissionalmente para se manter durante pandemia. Ela toca violino há 15 anos, tem passagens pelas Orquestras Sinfônicas da Paraíba e de João Pessoa, e se apresenta em eventos particulares no estado e em outros lugares.
Com as recomendações de distanciamento social, casamentos, aniversários e outros eventos precisaram ser cancelados. Bárbara, que também dá aulas de violino há três anos, passou a ter o ensino do instrumento como principal fonte de renda durante a pandemia, já que as apresentações musicais não puderam mais acontecer.
Ela e os alunos começaram a se encontrar virtualmente, por meio de aulas online, desde o início da pandemia de Covid-19. Segundo Bárbara, o rendimento dos alunos não foi prejudicado, mas não houve 100% de adesão ao formato, o que, unido aos eventos cancelados, abalou a vida financeira da musicista.
Vendo a realidade se complicar cada vez mais, Bárbara notou que as pessoas passaram a sentir uma necessidade, cada vez maior, de demonstrar afeto aos entes queridos, e teve a ideia de promover serenata, apresentações de violino ao vivo, a quem deseja fazer alguém se sentir especial.
"Após a primeira serenata ao violino, a conversa se espalhou e está atividade tem complementado muito bem a minha renda mas, para além disso, tem me feito o canal que leva mensagens de carinho e amor traduzidos em música!", comenta.
Neste Dia dos Namorados, as serenatas farão ainda mais sentido. Acontece que as apresentações artísticas do lado de fora das casas são um costume antigo, e próprio ao ato de 'enamorar-se'. A demonstração de afeto, que se tornou ainda mais romântica com a necessidade de isolamento social, tem ganhado e ajudado a ganhar corações.
A violonista Bárbara Azevedo irá promover serenatas em prédios, casas e condomínios de João Pessoa, levando amor aos casais que, por conta da pandemia, não poderão se ver. As apresentações duram 30 minutos, e os namorados escolhem previamente as músicas que serão tocadas, pois normalmente elas ajudam a escrever a história do casal.
Para Bárbara, o Dia dos Namorados 2020 traz uma mensagem ainda mais forte. O desejo dela, para si mesma e para outros casais, é que "possam reaprender sempre a valorizar todos os gestos de atenção e amor".
Moderno à moda antiga
Já em Campina Grande, uma outra antiga prática também vai ajudar a embalar os corações apaixonados que estarão distantes nesta sexta-feira (12). O serviço de 'telemensagem', onde pessoas queridas demonstram carinho umas pelas outras em datas especiais, como aniversários, dias das mães e pais, retornou à moda, dando esperança tanto a quem recebe o afeto, como a quem tira dele sua renda.
Há mais de dez anos, Alexsandro e a família trabalham com a telemensagem. O carro de som, onde músicas especiais escolhidas pelos clientes são tocadas, chama atenção de moradores por onde passa, e também é responsável por guardar grandes memórias.
O comerciante diz que a procura pela telemensagem aumentou durante a pandemia, e nesta sexta-feira (12), alguns clientes já encomendaram o serviço. No entanto, não é possível quantificar o total de encomendas, pois pode aumentar ao longo do dia.
Alexsandro também explica que passou a tomar mais cuidados para evitar possíveis contágios pelo novo coronavírus durante o período de pandemia. Para não colocar em risco a própria vida e a vida dos clientes, o comerciante explicou que, ao invés de permitir que a pessoa fale ao microfone durante a homenagem, uma mensagem de áudio é gravada anteriormente, e o homenageado ouve a voz do ente querido, mesmo sem o ver.
"Pedimos um áudio da pessoas falando o que normalmente falava durante a homenagem, gravamos e colocamos em um CD para reproduzir no carro de som. Assim cuidamos de todo mundo e de nós mesmos.", explica.
Além da gravação por áudio, os comerciantes evitam compartilhar itens como microfones, sempre usam máscaras e prezam pelo distanciamento social. A expectativa é que a procura pelos serviços de telemensagem permaneça, e com um pouco mais de esperança, aumente.
Sob supervisão de Jhonathan Oliveira*
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