VIDA URBANA
Queda faz 24 vítimas por dia
Quedas causadas por escorregões e tropeços preocupam médicos, que atendem uma média de 24 pessoas por dia no Hospital de Trauma.
Publicado em 15/06/2012 às 6:00
Por dia, uma média de 24 pessoas são atendidas no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, após serem vítimas de traumatismo causado por quedas. Apenas nos cinco primeiros meses deste ano, a unidade prestou assistência a 3.641 pacientes nessa situação. No ano passado, foram 8.875 ocorrências, confirmando a média de 24,3 casos diários.
Por ser considerada pela maioria da população como acidente de menor gravidade, as quedas causadas por tropeços, escorregões e desequilíbrios já são motivo de preocupação entre os médicos.
Eles alertam que essas ocorrências podem causar fraturas, paralisias e, em casos mais graves, até a morte. As consequências ainda ficam piores se o socorro for feito de forma inadequada. O atendimento precisa ser feito por pessoal treinado e os cuidados devem ser redobrados se a vítima for criança ou idoso.
Saltos altos, buracos nas calçadas, desnível do solo, desatenção, desequilíbrio de locais altos e pisos escorregadios são consideradas por especialistas como as principais causas de quedas. O problema é que essas verdadeiras armadilhas estão espalhadas por toda parte e atingem principalmente idosos e crianças, como alerta a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Ortotraumatologia (SBOT).
Segundo a entidade, em pessoas maiores de 65 anos, as quedas são mais recorrentes, em virtude de deficiências visuais, uso de medicamentos que causam tonturas e limitações na locomoção.
Estatísticas da entidade revelam que um em cada quatro idosos cai dentro de casa, pelo menos uma vez por ano e, em 34% dos tombos, ocorre algum tipo de fratura, principalmente, nos punhos, na coluna lombar e no fêmur.
O tratamento, que exige intervenção cirúrgica e pode limitar alguns movimentos físicos do paciente, ainda é prejudicado por outro problema de saúde da terceira idade: a osteoporose, uma doença que afeta a capacidade de cicatrização dos ossos.
Em João Pessoa, as quedas já estão entre as principais ocorrências atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com o médico e coordenador geral do serviço da capital, Cláudio Régis, esse tipo de ocorrência é motivo de preocupação entre os socorristas porque é um potencial responsável até por paralisias irreversíveis, até mesmo se a queda for causada por um simples tropeço.
“Tudo vai depender, no entanto, de alguns fatores, como a idade da vítima, a altura da queda, a área do corpo que foi atingida e até a forma como a pessoa foi socorrida. Em qualquer situação, a recomendação é que o paciente não seja removido do local do impacto, para evitar qualquer dano à coluna vertebral. As pessoas em volta precisam acionar o Samu ou Corpo de Bombeiros e tentar acalmar a vítima até a chegada do socorrista”, afirma.
Outra orientação é observar se as vias aéreas do paciente estão desobstruídas. “Deve-se retirar qualquer objeto que possa interromper a respiração. Se a vítima estiver sangrando, é permitido fazer uma suave compressão no local do ferimento.
Mas, para isso, o socorrista precisa usar luvas. Isso evita a infecção do ferimento e transmissão de eventuais doenças, como hepatites e aids”, alerta.
No hospital, o acidentado é submetido a exames que mostram a gravidade da situação. Quando afetam a medula espinhal, os casos são considerados mais graves, em decorrência do maior risco de morte. Já quando a queda gera uma lesão à coluna, a pessoa corre o risco de ficar tetraplégica e precisa se submeter a longos períodos de internação hospitalar para a recuperação.
Por conta desses riscos, mesmo que a queda seja aparentemente sem gravidade e que o paciente não tenha sintomas ou ferimentos visíveis, o caso deve ser avaliado imediatamente por um médico. O motivo é que a pancada em algumas regiões pode causar lesões internas que só irão apresentar sintomas horas depois.
“Tudo vai depender da gravidade da lesão. Se ela for grave, alguns sintomas, como desmaio, tontura e perda de orientação, aparecem imediatamente. Já se a lesão for leve ou moderada, é possível que a vítima, a princípio, não tenha nenhum sintoma, mas precisa ficar em observação no hospital, principalmente, se a pancada foi na região crânio-encefálica”, observa o médico.
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