Quinze países, mochilas nas costas e muitas histórias para contar

Abandonar tudo e sair pelo mundo em busca de aventura. Essa foi a decisão tomada pelo professor de inglês Adalberto Moreira de Medeiros Júnior, 32 anos, e sua esposa, a enfermeira Fabrícia de Medeiros Fernandes, 28 anos, que resolveram deixar o Sertão paraibano para viajar por 15 países durante um ano. A fim de viver essa experiência, eles largaram os empregos e venderam tudo o que tinham para realizar esse sonho.

O casal passou 6 meses estudando inglês na Irlanda e aproveitou a oportunidade para fazer um “mochilão” pela Europa, Ásia e África. Eles partiram em fevereiro do ano passado e voltaram para o Brasil há 2 meses. Agora eles moram no bairro do São José, em Campina Grande, e aos poucos estão reorganizando suas vidas.

Adalberto e Fabrícia contam que para conseguir viajar foi necessário fazer alguns sacrifícios. Ela pediu demissão do trabalho, e ele, que tinha dois empregos, abriu mão de um e tirou uma licença do outro. O casal morava em Patos, no Sertão da Paraíba, e se mudou para a cidade de Princesa Isabel, também no Sertão, pois, segundo eles, o custo-benefício era melhor. “A intenção era estudar e ao mesmo tempo viajar. Para isso tivemos que vender tudo e economizar o máximo possível”, comentou Fabrícia.

Após fazerem essas renúncias e juntar dinheiro, eles foram para Dublin, capital da Irlanda. No primeiro momento o casal ficou em uma acomodação temporária, que era dividida com uma alemã e uma portuguesa. Em seguida eles se mudaram para um apartamento, onde passaram a morar com um casal de brasileiros de São Paulo e uma brasileira do Rio Grande do Sul. A adaptação a um país com uma cultura diferente da que estavam acostumados foi acontecendo de forma gradual e eles foram administrando os impactos da nova realidade.

O casal passou seis meses estudando e depois disso decidiu fazer o primeiro mochilão em setembro do ano passado, onde conheceram cinco países. Eles gostaram tanto da experiência que resolveram repeti-la, só que dessa vez estenderam o trajeto e visitaram mais dez países. Em cada localidade diferente que eles chegavam, enviavam um cartão-postal para a avó de Adalberto, a dona de casa Geci Moreira de Medeiros, 76 anos, que mora em Patos. A ideia era fazer com que ela vivenciasse a viagem junto com eles.

“Na cabeça da minha avó só existe esse universo da Paraíba e mais recentemente do Rio de Janeiro, onde ela foi visitar uma filha dela. Eu tentei de certa forma mostrar que o mundo vai além desse território. Ela não sabe ler, mas é uma pessoa de uma sabedoria muito aguçada. Ela é muito experiente”, pontuou Adalberto. Como não sabia o que tinha escrito nos postais, dona Geci pedia para um parente ler para ela e se sentiu bastante lisonjeada com a atitude do neto. “Eu fiquei muito feliz em saber que se lembrava de mim. Eu achava muito bonito as coisas de onde ele estava e pensava em estar lá também”, relatou.

Passado um ano, o casal resolveu voltar para o Brasil e trouxe consigo muitas amizades e histórias para contar. Incluem-se nessas aventuras ter que dormir em aeroportos, albergues e enfrentar a excentricidade da cultura oriental no Marrocos. Para eles, cada instante vivido valeu a pena e pouco a pouco a vida deles no Brasil vai sendo reconstituída. Quando voltou ao Brasil, Adalberto conseguiu um trabalho para ensinar inglês na cidade de Esperança e Fabrícia ainda procura por um trabalho. Casados há três anos, eles buscam se estabilizar financeiramente e uma nova viagem já começa a ser planejada. (Especial para o JP)