VIDA URBANA
Reforma no Tererê já havia sido interditada; MPT investiga caso
Representantes do MTE e do MPT querem apurar se obra descumpre normas de segurança. Empresário morreu ao cair de laje quando inspecionava o prédio, em JP.
Publicado em 27/11/2009 às 11:08
Karoline Zilah
Parte das obras da reforma no restaurante Tererê, localizado na orla de Cabo Branco, em João Pessoa, foram interditadas no mês de setembro pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) devido a irregularidades envolvendo as condições de segurança dos operários.
Na quinta-feira (26), o local foi o cenário de um acidente que resultou na morte do proprietário do restaurante, o empresário Júlio César dos Santos, de 54 anos.
Clóvis da Silveira Costa, chefe do Núcleo de Saúde e Segurança do Trabalhador, explicou que as construções já haviam sido paralisadas por irregularidades nos andaimes.
Ele garantiu que uma equipe do MTE deverá retornar ao local para verificar porque o acidente aconteceu e se ainda há riscos para os funcionários.
O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Eduardo Varandas, declarou que vai requisitar em caráter de urgência a permissão para averiguar a reforma. Segundo ele, a princípio não é possível dizer que há irregularidades nas obras, uma vez que existe a hipótese do empresário ter se acidentado por ter recusado usar os equipamentos de segurança.
"A tragédia vai servir de exemplo para que tanto os c
onstrutores quanto os empregados parem de fazer das normas de segurança uma brincadeira", alertou Eduardo Varandas (foto).
Uma força-tarefa do MTE com o Ministério Público do Trabalho suspendeu, entre os dias 16 e 20 de novembro, 44 obras em todo a Paraíba, tendo como principal motivo o descumprimento das normas de segurança do trabalhador foi o principal motivo. O restaurante não foi inspecionado nesta operação porque o foco eram construções de grande porte, enquanto a reforma no Tererê era considerada de pequeno ou médio porte.
Causas da morte
O delegado Manoel Idalino, responsável pelo inquérito sobre a morte de Júlio César dos Santos, considerou o acidente uma fatalidade, mas alertou que continuará as investigações para apurar as circunstâncias.
Ele ainda quer ouvir o engenheiro responsável pelo empreendimento e não descarta a possibilidade de pedir ao Ministério do Trabalho e Emprego o embargo do prédio em caso de constatação de riscos de acidentes aos trabalhadores da obra.
O laudo cadavérico ainda não foi liberado pela Gerência de Medicina e Odontologia Legal (Gemol), mas os peritos adiantaram que o empresário sofreu um traumatismo craniano. De acordo com o delegado, Júlio César caiu por volta das 17h quando inspecionava as obras.
O empresário teria atravessado uma passarela, que acabou cedendo. Quando caiu da laje do 2º andar para o 1º andar, ele bateu a cabeça em um trilho de ferro e ainda foi atingido pela tábua de 60 quilos, que acabou deslizando.
Enterro
A família acompanha o velório de Júlio César dos Santos no Espaço Gospel, tempo evangélico da Primeira Igreja Batista localizado na avenida Rui Carneiro, em João Pessoa. O enterro está marcado para as 14h no cemitério Parque das Acácias. O empresário era natural de Ribeirão Preto, em São Paulo, mas morava na Paraíba há cerca de 20 anos, período em que administrou o restaurante Tererê ao lado da esposa e dos filhos.

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