VIDA URBANA
Religiosos são liberados de revistas íntimas em presídios da Paraíba
Decisão judicial prevê que integrantes de pastorais só se submetam ao detector de metais. São 158 os que não passam por revista convencional em presídios da Paraíba.
Publicado em 30/03/2009 às 14:00
Tatiana Ramos
Agentes penitenciários revelaram uma decisão judicial polêmica que coloca em risco a comunidade carcerária de todo o Estado. De acordo com uma decisão do juiz da 7ª vara de execuções penais, Carlos Beltrão, 158 integrantes de pastorais têm acesso aos presidíos sem se submeter à revista corporal, ou seja, eles passam apenas por um detector de metais (clique para ler a decisão parte 1 e parte 2).
O agente penitenciário Antônio (nome fictício) disse que, a partir desta decisão, a entrada dos integrantes das pastorais ficou muito fácil. Eles chegam, informam o nome e a pastoral à qual pertencem e entram sem nenhuma dificuldade.
Ele explicou que não entende o porquê das pastorais terem este diferencial de tratamento durante a revista. Os 158 integrantes cadastrados para visitar os presídios passam somente pelo detector de metal. “Os detectores ajudam o nosso trabalho, mas não são tão confiáveis, além disso não há como encontrar casos de drogas”, denunciou
A decisão é de novembro do ano passado, mas somente agora a reportagem do Paraíba1 teve acesso ao documento. Antônio informou que os agentes penitenciários estão revoltados, pois isto colocaria em risco a vida deles.
Para justificar a decisão, o juiz diz que a revista corporal é “um trato de desconfiança” e que uma lei estadual prevê este tipo de inspeção. Segundo Carlos Beltrão, os agentes de pastorais são pessoas indicadas, com documentação atestada e por ser gente de responsabilidade há um rigor atenuado.
O juiz ainda disse que, em caso de desconfiança, o diretor do presídio está autorizado a fazer uma revista convencional. Sobre esse assunto, Antônio comentou que os agentes se sentem inibidos de fazer essa inspeção para não entrarem em conflito com a determinação judicial e terem seu trabalho questionado pelos superiores e pela Secretaria de Cidadania e Administração Penitenciária.
A nossa reportagem tentou entrar em contato por telefone com o secretário Roosevelt Vita para comentar o caso, mas ele não foi encontrado.
As visitas das pastorais acontecem, geralmente, aos sábados com o intuito de realizar atividades sócio-educativas. Confira abaixo a lista do número de pessoas que têm acesso aos presídios sem revista corporal:
- 27 da pastoral da Assembleia de Deus
- 83 da pastoral evangélica dos presídios
- 6 da Igreja Internacional da Graça de Deus
- 7 da pastoral carcerária da Universal
- 35 da CNBB Arquidiocese da Paraíba
Por questão de segurança, a verdadeira identidade do agente que fez a denúncia foi mantido em sigilo pela equipe do Paraíba1.
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