VIDA URBANA
Retirada desordenada de areia está degradando rio Paraíba
Extração de areia por mais de 30 empresas vem degradando o leito do rio Paraíba e preocupando MInistério Público e ambientalistas.
Publicado em 04/12/2011 às 6:30
Cinquenta quilômetros do rio Paraíba, o mais importante do Estado, estão sendo degradados por mais de 30 empresas que extraem de forma mecanizada, diariamente, areia do leito do rio.
O bem natural não renovável é utilizado na construção civil, principalmente nos Estados de Pernambuco e Paraíba, e ainda há denúncias de que é exportado também para outros países. O desgaste do rio acontece há anos, mas vem se agravando nos últimos meses, conforme denunciam agricultores, ambientalistas e Ministério Público. Enquanto isso, poderes públicos assistem a afronta ao meio ambiente e à Paraíba sem fazer nada.
O rio Paraíba tem mais de 300 quilômetros (km) de extensão. Em pelo menos 50 km de seu percurso, está havendo a retirada de areia de forma desordenada, não criteriosa e de modo mecanizado. A exploração está sendo feita nos municípios de Mogeiro, Salgado de São Félix, São José dos Ramos, Pilar, São Miguel de Taipu e Cruz do Espírito Santo. Apenas em Itabaiana há o impedimento da exploração mecanizada da areia, após intervenção do Ministério Público (MP), através da promotora Rhomeika França Porto. Segundo ela, a retirada de areia mecanizada estava causando danos ambientais e, por isso, a Superintendência de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Sudema) não poderia mais conceder licenças às empresas interessadas em fazer a extração de areia em Itabaiana.
Conforme estimativas de ambientalistas e moradores da região, a cada dia são retirados em torno de 60 caminhões caçamba de areia, apenas da região de Pilar e São José dos Ramos. Não há números reais da quantidade de areia retirada em todo o rio, nem de quantas empresas estão atuando nesses municípios. A retirada manual da areia pode não degradar o rio, mas da forma que está sendo feita, com dragas, a extração está desestruturando e desequilibrando o meio ambiente, já que contribuiu para a derrubada das barreiras do rio, o esvaziamento dos poços artesianos usados pela comunidade local e a diminuição da quantidade de peixes.
Atualmente, a extração de areia é feita diariamente, durante o dia e a noite, com dragas, conforme os funcionários da empresa Fábio Mendonça, de Camaragibe (PE), confirmaram à reportagem do JORNAL DA PARAÍBA. Em um dos pontos do rio na cidade de Pilar, há montanhas de areia de até dez metros de altura e os diversos caminhões caçambas levam o material, com destino a Pernambuco, durante todo o dia.
“Há muitos anos fazemos essa retirada aqui, com draga mesmo.
Acho que não tem problema, já que a empresa tem a licença da Sudema. Essa areia é levada para Pernambuco e vendida para empresas da construção civil que atuam em Recife, Goiana, Timbaúba e Igarassu”, afirmou o funcionário da empresa Fábio Mendonça, que trabalha na extração de areia em Pilar, Inaldo Lima. O proprietário da empresa, também confirmou que faz a extração com licença da Sudema, mas não soube numerar quantas caçambas são retiradas por dia. “Todo ano renovamos a licença e há várias empresas que fazem isso. Acho que essa retirada não traz problemas para o rio, não”, disse o proprietário.
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