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VIDA URBANA

Reutilizar é palavra de ordem na política de preservação do meio ambiente

Última matéria da série 'Saneamento: é básico' aborda práticas que colaboram para a política e resíduos sólidos.

Publicado em 19/02/2016 às 8:00

Na quarta e última reportagem da série integrada da Rede Paraíba de Comunicação “Saneamento: é básico!”, o JORNAL DA PARAÍBA vai mostrar algumas iniciativas que, conscientes ou não, exercem forte impacto social e ambiental. São ações individuais como a do comerciário Fernando Costa, que já deu nova vida a mais 50 pneus abandonados, a políticas públicas, como o Centro de Recondicionamento de Computadores da Prefeitura de João Pessoa, que recupera e doa equipamentos que teriam como destino o lixo. Iniciativas de coleta seletiva e reaproveitamento de água da chuva também estão incluídas nas ações/modelo.

Depois de ver a família inteira cair de cama por causa da dengue, Fernando Costa passou a observar e se incomodar com o número de pneus abandonados na rua. Lugar de acúmulo de água e consequente proliferação de mosquitos, os pneus ganharam novas utilidades nas mãos de Fernando, que passou a recolhê-los e transformá-los em jardineiras, pufes, mesas de centro, casinhas de cachorro e até fontes para peixes ornamentais.
O reaproveitamento desse e de outros materiais se tornou o principal hobby de Fernando, que não faz os objetos para vender. “Gosto de presentear e faço doações”, disse. O comerciário já está de olho em outros materiais, como pallets e isopor. Com o primeiro, já se aventurou na confecção de bancos, sofás e centros. No supermercado onde trabalha, os sofás que construiu acolhem os funcionários no momento de descanso. Fernando começou a reutilizar pneus após a família pegar dengue (Foto: Stanley Talião)
Fernando não sabe, mas o hobby que pratica à noite e nos finais de semana colabora para a política de resíduos sólidos do país, um dos eixos do saneamento básico. Na Prefeitura de João Pessoa, uma iniciativa da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitec), em parceria com o Ministério das Comunicações, também reaproveita materiais destinados ao descarte, iniciando um novo ciclo de uso para os equipamentos. Através do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), a prefeitura faz um papel importante na diminuição do lixo eletrônico e ainda promove inclusão digital, já que os computadores recuperados são doados a comunidades carentes.
De acordo com o coordenador pedagógico do projeto, Eduardo Paiva, cerca de 200 computadores já foram recondicionados e doados a projetos sociais e moradores de comunidades carentes. Em menos de um ano, a Secitec já recebeu cerca de 10 doações, vindas especialmente de entidades públicas, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Advocacia Geral da União (AGU). Os componentes que não podem ser reaproveitados são direcionados para cursos de arte-educação, que também integram o projeto. Modelo para gestão de lixo e água

No prédio do engenheiro civil militar João Ferreira Filho, a água de chuva tem reservatório próprio e a coleta do lixo é seletiva. As iniciativas realizadas no edifício Mistic, em Manaíra, já serviram de modelo para a gestão do lixo e da água em outros residenciais e são motivos de orgulho para o militar da reserva, idealizador da proposta. O investimento feito na captação de água de chuva já foi recuperado pelos moradores, que têm uma economia de 30% na conta de água. Os reservatórios têm potencial para 400 litros e a água é usada na limpeza do prédio.

Em relação à coleta, todos os dias o funcionário do prédio recolhe o lixo dos seis apartamentos, que já vem separado: lixo orgânico de um lado, recicláveis de outro. O lixo orgânico é recolhido diariamente pela prefeitura, enquanto o chamado “lixo seco” vai para os tambores de coleta seletiva. A cada 15 dias um agente ambiental da Associação dos Catadores de Recicláveis de João Pessoa (Ascare) passa para recolher o material, cerca de 50 a 70 quilos que serão convertidos em renda para Luiz Serafim, agente ambiental da Ascare.
O trabalho desenvolvido no edifício Mistic, em Manaíra, faz parte do sonho de consumo de Luiz e dos demais agentes ambientais que formam a rede de coleta seletiva apoiada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa. Se todas as residências da capital tivessem a mesma iniciativa, Luiz teria ainda mais sucesso no seu ofício – considerado primordial para a política de resíduos sólidos do país.
“Seria perfeito. Infelizmente ainda existe muita gente que não se preocupa com a coleta seletiva”, diz Luiz Serafim, que trabalha com o lixo há 29 anos. As condições de trabalho, ele afirma, já melhoraram 100%, mas já é hora de dar um novo salto. Ele começou como catador aos 12, no extinto Lixão do Róger e hoje fatura, em média R$ 1,5 mil com o material reciclável coletado porta a porta. “Dá pra viver e sustentar a família”, conta.
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Jornal da Paraíba

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