VIDA URBANA
Ribeirinho sofre com 'morte' do Paraíba
Seca e degradação do homem podem fazer desaparecer curso das águas de um dos mais importantes rios nos próximos anos.
Publicado em 18/11/2012 às 12:00
A pesca já não é a mesma há alguns meses para o morador de Barra de Santana, no Cariri paraibano, Antônio Salomão, 44 anos, desde que a seca começou a interferir no Rio Paraíba.
Assim como ele, paraibanos que dependem do rio para o abastecimento de casa e no trabalho estão preocupados com a situação da torrente, que possui 300km de extensão. De acordo com ambientalistas, a seca não é único problema que afeta o curso de água, mas também a própria ação do homem, através da degradação das matas ciliares. Eles informaram que sem proteção o rio pode desaparecer nos próximos 40 anos.
Na comunidade Paraibinha, localizada em Barra de Santana, cortada pelo Rio Paraíba (que se inicia no município de Monteiro), os moradores já sentem os efeitos da seca deste ano, que segundo ambientalistas, é a mais preocupante dos últimos 50 anos.
Dependente da agricultura para sobreviver, José Bezerra, 32 anos, contou que passou a trabalhar com outras atividades para conseguir sustentar sua família. “Eu estou fazendo 'bicos' na cidade porque não tenho como plantar sem água”, lamentou.
Segundo o deputado estadual Frei Anastácio, um dos criadores do Fórum em Defesa do Rio Paraíba, em muitos pontos de sua extensão, o rio já secou. O deputado confirmou que um dos problemas enfrentados pelos rios é a própria evaporação, causada pelo sol e ventos mais fortes e que este ano estão ainda mais intensivos por causa da seca. “Em alguns trechos, como de Salgado de São Félix, até a desembocadura do rio, em cidades como Rio Tinto e Mamanguape, existe a escassez da água, o que está afetando completamente a vida dos ribeirinhos, que não podem plantar porque não têm como irrigar suas plantações”, informou.
Em Barra de Santana a situação é a mesma. Debaixo da ponte sobre o Rio Paraíba, com 164 metros de extensão, não há nada em vista, a não ser pedras e areia, que antes ficavam no fundo do rio. A vaqueira Maria do Socorro Vieira, 40 anos, sente em casa os efeitos da seca. Para todos os serviços de casa ela depende da água do rio e, agora, está enfrentando a distância de mais de um quilômetro para pegar alguns litros de água na zona urbana.
“Quase todos os dias é assim: as louças sujas na pia, as roupas para lavar e o banho improvisado”, lamentou Socorro, afirmando que os animais também sofrem com os efeitos do clima, chegando até a morrer de sede. Sem outra saída, o gado está sendo colocado para pastar dentro da torrente seca, onde ainda restam poucas poças de água.
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