VIDA URBANA
RMCG: solução para a superlotação no Trauma
Execução da Região Metropolitana poderia ser uma saída para tentar controlar o problema da superlotação no Hospital de Trauma.
Publicado em 04/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 12:11
A principal característica de uma Região Metropolitana é a governança compartilhada, através do funcionamento de projetos e programas integrados. A soma de interesses similares pode culminar em diversos benefícios para a região, inclusive com a melhoria dos serviços da Saúde, através da captação de recursos ou até do descongestionamento de pacientes nos grandes hospitais. A execução da Região Metropolitana poderia ser uma saída para tentar controlar o problema.
Para o consultor em Cooperativismo e Desenvolvimento Regional, Rosalvo de Menezes Filho, com a execução da Região Metropolitana, recursos específicos para a área, inclusive na Atenção Básica e outros programas, através do Sistema Único de Saúde (SUS), poderiam ser conquistados. Ele explicou que com um sistema integrado alguns serviços disponibilizados em Campina Grande, por exemplo, poderiam ser realizados com eficiência nos demais municípios pactuados.
Diferente do que está proposto na legislação, unidades de saúde de referência, como o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, estão superlotadas.
Um dos exemplos de hospitais que convivem com o problema da superlotação é o Hospital de Urgência e Emergência Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande. Somente de janeiro a maio deste ano, o referido hospital realizou 79.132 atendimentos de pessoas de todos os municípios paraibanos.
Desse total, os 23 municípios que deveriam fazer parte da Região Metropolitana de Campina Grande (RMCG), incluindo esta, representaram 32.512 atendimentos ambulatoriais .“Cerca de 40% dos nossos atendimentos ambulatoriais são de pessoas de fora, inclusive de outras cidades. Na verdade, é um serviço de 'ambulancioterapia', quando os pacientes são encaminhados por outros municípios até aqui, superlotando os hospitais, quando muitas vezes o atendimento é simples e poderia ser realizado na própria cidade, através do hospital local ou do posto de saúde”, explicou o diretor do Trauma, Geraldo Medeiros.
Conforme os dados, em primeiro lugar está Campina Grande, com 24.579 atendimentos; seguida por Queimadas, com 1.096; Lagoa Seca, com 830; Puxinanã, com 625 e Esperança, com 494 pessoas atendidas. São cidadãos como o agricultor Reginaldo Gomes, de 39 anos, morador de Lagoa Seca, que estava internado no hospital desde o último domingo, depois que sofreu uma queda e quebrou a perna. Ele pernoitou na ala amarela, lotada em sua maioria por pessoas de outros municípios paraibanos. O paciente contou que não teve outra alternativa a não ser procurar o serviço em Campina Grande.
“Na minha cidade o atendimento não é bom, nem no hospital e nem nos postos. Lá o serviço que eu recebi aqui, eu não tenho.
Muitas pessoas como eu acabam vindo de outras cidades e o que encontramos é isso, o hospital cheio e sem vagas. Também muita gente tem que esperar o carro das prefeituras, tomando a vaga de outras”, disse. De acordo com o secretário de Saúde de Lagoa Seca, Damião Calafage, nenhum dos pacientes que são encaminhados aos hospitais de referência de Campina Grande saem sem receber atendimento do hospital da cidade. Segundo ele, após um atendimento prévio os pacientes são encaminhados de acordo com a urgência do caso. “Se for trauma grave nós encaminhamos para o Trauma de Campina, se for uma urgência infantil, nós encaminhamos para o Hospital da Criança”, contou.
Ainda de acordo com Damião, Lagoa Seca conta com 10 Postos de Saúde da Família (PSF) localizados nas zonas rural e urbana do município, além do hospital que funciona 24 horas por dia. “O nosso hospital conta com 29 leitos para atender a população, nós só encaminhamos os casos mais críticos para Campina tanto pela referência em condições técnicas quanto pela proximidade”, finalizou.
A Região Metropolitana de Campina Grande foi sugerida pelo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que conseguiu a aprovação da Lei 92, em 2009. Contudo, ainda hoje o sistema só existe no papel, já que nenhuma das 23 cidades tomou a iniciativa de levar o projeto adiante. De acordo com a Lei, com a criação de um Conselho Administrativo seria possível estimular a ação integrada dos agentes públicos envolvidos na execução das funções públicas que envolvam interesses comuns, sobretudo no campo da saúde.
POLÍTICAS PÚBLICAS CRIADAS EM CONJUNTO
Conforme a secretária-adjunta de Saúde de Campina Grande, Eudézia Damasceno, a criação, de forma prática, de uma Região Metropolitana acabaria beneficiando todos os municípios pactuados. “Seriam criadas políticas públicas em conjunto para programas de prevenção ou até no próprio atendimento que passaria a ser mais eficiente nas cidades menores. Isso tudo poderia ser feito, já que existem verbas específicas do Governo Federal”, informou.
Dessa forma, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Campina Grande, por exemplo, poderia receber menos pacientes e oferecer mais conforto para quem procura atendimento. No local foram registrados 19.971 atendimentos, entre fevereiro e março deste ano, de pessoas de 19 municípios que fazem parte do projeto da Região Metropolitana.
Já no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), dos oito mil atendimentos mensais, 65% são de mulheres de outros municípios, segundo informações da diretora do local, Marta Lúcia Albuquerque. Conforme o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado da Paraíba (da região de Campina Grande), José Targino, cerca de 50% dos atendimentos da cidade, são de pessoas que vêm de outros municípios e até de outros estados.
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