Romaria da Guia atrai 15 mil fiéis

O sol ainda não tinha nascido, quando a aposentada Maria do Carmo Pereira saiu de casa para cumprir uma promessa. Com pés descalços e vestido branco, a idosa de 78 anos estava entre os mais de 15 mil devotos, segundo cálculos da Polícia Militar, que participaram ontem da Procissão de Nossa Senhora da Guia. Com brilho nos olhos, ela explicou que estava ali para agradecer pela cura do filho, que se recuperou de um ataque no coração. “Foi um milagre que o salvou”, disse.

A procissão começou por volta das 4h da manhã, no município de Lucena, localizado a 43 quilômetros de João Pessoa. Ao som de músicas religiosas e acompanhados por um carro que transportava a imagem da santa, os romeiros caminharam por quase três horas. Eles percorreram mais de 13 quilômetros com destino ao povoamento da Comunidade de Nossa Senhora da Guia, uma área localizada entre os municípios de Santa Rita e Lucena.

No local existe uma igreja construída pelos portugueses em 1592 e que, anos mais tarde, se tornou santuário dedicado à Nossa Senhora da Guia. Foi nesse lugar que o arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, celebrou ontem uma missa campal. No sermão, o religioso destacou a importância do perdão e da figura materna.
Comparando a vingança a um copo de veneno, ele disse que esse sentimento precisa ser evitado, porque só gera prejuízos a quem o alimenta. “Ela é como um copo de veneno que a pessoa toma e causa mal a si mesmo. Não faça ao outro o mesmo mal que fizeram a você. O mal lançado sempre volta a quem o lançou. Não desagrade sua integridade e nem seus valores. É preciso trabalhar, se engrandecer e passar isso para os outros”, argumentou.

Para ouvir as mensagens do arcebispo e pedir graças divinas, católicos que moram em cidades distantes chegaram a Lucena através de ônibus contratados. A aposentada Maria Alexandre da Silva, 72 anos, saiu da Baía da Traição para participar da romaria. Apesar de cansada, ela garantiu que o esforço é recompensador.

“Já recebi muitas graças este ano. Vim aqui agradecer”, disse.
Além de idosos, jovens e até crianças também se misturavam em meio à multidão de romeiros. Alguns faziam orações em voz baixa, abraçados a imagens e a terços, enquanto que outros permaneciam atentos às pregações de dom Aldo. “Estou aqui para pedir uma graça na saúde. Estou com úlcera e diabetes, mas creio que serei curada, porque a minha fé já me salvou de um mioma no passado”, conta a doméstica Maria das Graças Gabeira.

O estudante Luciano Mendonça dos Santos, 20 anos, saiu a pé de Lucena com destino ao Santuário. Com o suor no rosto devido à longa caminhada, ele disse que acordou às 4 horas da manhã para participar da romaria. “Estou satisfeito em estar aqui, porque me sinto perto de Deus. Sei que isso é uma coisa que faz muito bem para gente”, declarou.