icon search
icon search
home icon Home > cotidiano > vida urbana
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

VIDA URBANA

Santa Rita perde 2,3 mil alunos

Estrutura precária em algumas escolas e greves que aconteceram em 2013 foram alguns dos fatores responsáveis pela evasão.

Publicado em 15/07/2014 às 6:00 | Atualizado em 06/02/2024 às 12:02

Do ano passado até o primeiro trimestre de 2014, 2.350 mil alunos deixaram de frequentar a rede municipal de ensino da cidade de Santa Rita, Região Metropolitana de João Pessoa.

Até dezembro de 2013 foram registradas 11.600 matrículas, entretanto, de janeiro a março deste ano, esse total caiu para 9.250 estudantes. A estrutura precária em algumas escolas da rede, as greves que aconteceram em 2013 e problemas estruturais foram alguns dos fatores responsáveis pela evasão, segundo estudantes e professores do município.

De acordo com o secretário de Educação de Santa Rita, Gilvandro Inácio, desses 2.350 estudantes que deixaram a sala de aula, boa parte deixou de frequentar a rede municipal de ensino e acabou migrando para a rede estadual. Outra pequena parcela, segundo ele, foi para escolas privadas.

Contudo, o secretário adiantou que serão realizadas análises para averiguar a quantidade de alunos que ainda encontram-se fora da escola. Ou seja, que não estão em nenhuma rede de ensino.

As greves por tempo indeterminado dos professores do município, ocorridas em abril do ano passado, foi o principal motivo apresentado por Gilvandro Inácio e pelos educadores como a principal razão da evasão escolar. Em 2013, o Sindicato dos Funcionários Públicos do Município de Santa Rita (Sinfesa) e os membros da classe paralisaram por meses as atividades.

Além do desestímulo dos professores com a falta de interesse do governo municipal com a categoria, os pais dos alunos optaram por não levarem as crianças às escolas devido à instabilidade quanto à frequência dos professores. Por sua vez, os estudantes desistiram de concluir o ensino e muitos até hoje não voltaram a estudar.

Para o secretário de Educação, a evasão escolar detectada no município é consequência de uma estrutura política anteriormente estabelecida. “Houve uma mudança de governo, estamos com uma equipe nova. O número de evasão das escolas municipais é significativo e necessita de acompanhamento”, disse Gilvandro Inácio.

A diminuição no número de alunos trouxe também impacto negativo para o desenvolvimento da gestão nessa área. A verba destinada à educação passa a ser diminuída, já que a necessidade de investimentos no setor foi restringida. “Uma redução como essa causa impacto na gestão. Houve uma redução preocupante, mas que será revertida da melhor forma possível”, esclareceu o secretário.

Quanto às carências na estrutura, a merenda é um dos fatores que mais preocupam os pais dos alunos. A alimentação, que deveria ser diária, nem sempre é oferecida, e a qualidade do cardápio deixa a desejar. O material escolar é outra questão reivindicada pelos pais, que anualmente compram o fardamento e o material escolar.

Mãe de duas crianças regularmente matriculadas, nos 5º e 10º anos, na Escola Municipal Índio Piragibe, a dona de casa Joseane Lourenço, de 27 anos, alerta para os problemas recorrentes no colégio. “A merenda às vezes não vem e nem como deveria, precisa melhorar. O fardamento e o material escolar são coisas que o município poderia fornecer. Nós já pagamos tantos impostos e tudo é tão caro”, afirmou.

Para os alunos da mesma escola é necessário um espaço mais adequado à prática esportiva. A única quadra de esportes da unidade de ensino não possui cobertura, não tem piso adequado e as traves estão enferrujadas. A biblioteca existe, porém não há estrutura. Goteiras são frequentes nas salas de aula e o problema se agrava no período das chuvas.

Aluno do 4º ano da Escola Municipal Índio Piragibe, Emerson de Araújo, de 12 anos, reclama e indica os problemas no local.

“Aqui a gente tem uma quadra sem estrutura, quando usamos recebemos sol e chuva. A merenda também deveria mudar, gostaríamos de ter uma comida melhor. Nunca vou à biblioteca, nem sei direito como é”, lamentou o estudante. Rubem Alexandre, de 15 anos, reforça o pedido do colega e reivindica manutenção da escola onde estuda. “ Não temos uma quadra coberta, precisamos de um local para lazer. Estamos precisando de manutenção”, disse.

PROFESSORES QUEREM MELHORIAS

Os professores das escolas municipais de Santa Rita alegam que existe uma lacuna quanto à assistência aos educadores, no que se refere a melhores condições de trabalho e remuneração salarial. Na opinião dos professores, aliado a isso está a falta de manutenção das escolas, que também agrava o abandono do alunado.

Educadora há 24 anos, Simone Ferraz ensina há 19 anos na Escola Municipal Índio Piragibe. Ela afirma que além de falta de estrutura, a desvalorização da categoria é uma questão que influencia na deficiência da educação. “Por conta das condições difíceis que a educação de Santa Rita enfrentou, em 2013, aconteceram muitas greves e desmotivou os alunos. Além disso, a falta de manutenção é um assunto recorrente, a merenda ainda deixa a desejar, a iluminação é precária, as paredes e portas das salas de aula precisam de manutenção”, denunciou.

A diretora da Índio Piragibe alertou para a necessidade de capacitação dos professores. “Acredito que há uma grande necessidade de capacitação profissional para motivarmos os professores e, assim, melhorarmos cada vez mais a qualidade da nossa educação”, disse a diretora Wêdja Costa.

O secretário de Educação de Santa Rita informou que já existe um planejamento para detectar os principais problemas que afetam o cotidiano dos estudantes nas escolas e ações de combate à evasão estão em andamento. “A determinação da nova gestão é resgatar os alunos. Já demos andamento, solicitamos licitações para contratarem empresas que oferecerão blocos de serviços destinados à intervenção nas escolas”, afirmou Gilvandro Inácio.

Entre as medidas elencadas pela Secretaria estão melhorias na infraestrutura das escolas e da merenda, investimento em novos livros, materiais didáticos e distribuição de fardamentos.

PLANO PARA RESGATAR ESTUDANTES

Em abril desse ano foram iniciadas atividades que integram o plano de resgate dos estudantes. Reuniões entre a Secretaria de Educação Municipal e os gestores das unidades escolares estão sendo realizadas com finalidade de conscientizar a comunidade escolar e a população sobre a importância da escola. Além dos profissionais da educação, os agentes de saúde municipais também fazem campanhas de incentivo à escola durante as visitas domiciliares.

Atualmente, na rede de ensino do município constam 15.700 estudantes matriculados, número detectado após o início do novo planejamento. Em agosto será realizado um 'mini-censo' para levantar a quantidade de alunos que ainda está fora da escola. A meta é terminar este ano letivo com pelo menos 18.000 alunos.

Os resultados do planejamento pedagógico já podem ser vistos em algumas escolas de Santa Rita, como tem acontecido na Escola Municipal de Santa Rita Índio Piragibe. A unidade está fechando o primeiro semestre de 2014 com 382 alunos, 182 matrículas a mais que no ano passado. “É uma satisfação. Já fizemos algumas chamadas para reavermos os alunos e isso já vem funcionando. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas esse resultado já é relevante”, comemorou Wêdja Costa. (Colaborou Katiana Ramos)

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp