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VIDA URBANA

Segurança privada em igrejas e cultos só a portas fechadas

 Ação de bandidos próximo aos templos faz Conselho de Ministros do Evangelo de JP reunir pastores para pedir mais policiamento. 

Publicado em 13/09/2015 às 7:00

“Estávamos com a Bíblia na mão voltando do culto. Disseram que iam atirar e apelamos por nossas vidas. No momento, abri a Bíblia para os bandidos e foi exatamente no Salmo 91, aquele que habita no esconderijo do altíssimo. Falei para eles que só tínhamos a Bíblia e de repente foram embora", esse é o relato da recepcionista Marizete Monteiro da Silva, 69 anos. Ela integra o universo de pessoas que frequentam cultos religiosos, em João Pessoa, e são assaltadas na chegada ou saída das igrejas. Há 3 anos, ela frequenta regularmente a Comunidade Evangélica Shekinah, em Jaguaribe. Segundo a recepcionista, a região é bastante perigosa e os bandidos costumam agir em bicicletas. Ao sair do culto, já foi assaltada duas vezes e para não ser assaltada novamente, ela evita ir aos cultos sozinha.

A acompanhante de idosos Tereza Targino dos Santos,61 anos, precisa também conviver com o cotidiano de medo, quando vai à igreja com a filha de 15 anos. Ela já foi assaltada três vezes “Ficamos temerosas, com medo de ir ao culto. Temo que invadam a igreja e façam um arrastão. Já fui ameaçada de morte durante os assaltos. É assustador”, mencionou.

De acordo o pastor presidente da Comunidade Evangélica Shekinah de Jaguaribe, Clóvis Sérgio, diante dos inúmeros assaltos na região, principalmente quando as pessoas saem da igreja, os cultos passaram a ser realizados a portas fechadas. A situação ficou ainda mais crítica depois que criminosos assaltaram os pais do pastor e invadiram a residência deles, que fica na frente da igreja. Depois disso, os fiéis ficam trancados na igreja até o término do culto e quando alguém bate à porta, o clima é de tensão e desconfiança.

“O fato causou pânico na igreja. Como providência, fazemos cultos com as portas fechadas. Terminamos no final de semana o culto mais cedo. Qualquer pessoa que bate na bota, a gente olha antes, ficamos ressabiados. É uma afronta, o cidadão não pode nem mais orar. Têm muitos fiéis que saem do culto e se deparam com criminosos, a 100 metros da igreja. Estamos nos privando da nossa liberdade”, disse o pastor Clóvis Sérgio.

No último dia 28, o Conselho de Ministros do Evangelho de João Pessoa reuniu 27 pastores com o comandante geral da Polícia Militar, coronel Euller Chaves. Na ocasião, os pastores apresentaram a situação de violência e solicitaram reforço policial. “A Polícia Militar se colocou à disposição para reforçar as rodas nos horários de pico. Não só próximo a nossa igreja, mas em outras, como Tibiri, Bayeux, Bairro dos Novais e demais”, explicou Clóvis Sérgio, que também é presidente do Conselho.

As igrejas em Jaguaribe não são os únicos alvos dos bandidos. Fiéis que frequentam templos em outras localidades fazem o mesmo relato, pedem rondas e postos de policiamento para garantir à segurança durante os cultos à noite.

O diácono da Igreja Batista Regular do Geisel revela que os assaltos aos membros da igreja acontecem semanalmente, inclusive com invasão ao recinto. “A igreja já foi invadida três vezes, mas sempre fora dos horários do culto. Fui assaltado na frente da igreja, na saída do culto, colocaram o revólver na minha cabeça. Já ando sem carteira e celular. Gradeamos a igreja, colocamos alarmes e revezamos a segurança”, disse Marwell de Morais.

Segurança na chegada e saída dos templos

Fiéis que frequentam igrejas no bairro do Miramar também sentem que a violência está avançando no local. Assaltos e arrombamentos de carros acontecem com frequência próximo à Igreja Batista Nacional no Miramar, que fica localizada na avenida Tito Silva, em João Pessoa, ao lado da Praça das Muriçocas. “Aqui na redondeza têm muito assalto, principalmente na rua atrás da igreja (avenida Carlos de Barros). A polícia deveria reforçar a segurança principalmente perto das igrejas”, revelou Raminha Barreto, doméstica, 40 anos, frequenta a Igreja Batista no Miramar há 7 anos e nota que o problema vem aumentando a cada ano.

Na Igreja Batista Nacional no Miramar, o pastor Jean Cléber, titular da igreja, está contratando pessoas para garantir a segurança na chegada e saída dos cultos. “Temos de duas a três pessoas fazendo a parte externa em todos os cultos. Eles acompanham as pessoas até o veículo e fazem rondas. Essa semana, mesmo com cerca elétrica, quebraram a cerca, pularam o muro e levaram materiais de construção”, frisou.
Para as pessoas que frequentam a Igreja Batista no Miramar, a solução para diminuir os índices de assaltos na imediações é um posto policial na Praça das Muriçocas. Os fiéis clamam por mais segurança e o direito de celebrar o culto religioso em paz. A analista de operação, Marilene Arthur, 42 anos, explica que existe insegurança por toda parte e que só vai ao culto de carro e acompanhada por algum familiar do sexo masculino.“Se eu não puder vir de carro, prefiro não ir ao culto. Saímos com o sentimento de frustração, pois vamos para louvar e procurar Deus. Clamamos por um posto policial na Praça das Muriçocas, seria um bem para a sociedade”, alertou.

A opinião de Juliete Fernandes, 24 anos, é a mesma de Marilene Arthur, ela relata que os assaltos são mais frequentes na saída da igreja. “À noite, a partir das 22h, a situação é crítica. Procuramos sair em grupo, todos juntos para inibir qualquer ação. Vamos orar, mas acabamos temendo por nossa segurança. A polícia poderia colocar um posto policial na praça, iria evitar as abordagens” , afirmou a estudante que frequenta há 7 anos a Igreja Batista Nacional no Miramar.

Leia mais no Jornal da Paraíba deste domingo (13).

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Jornal da Paraíba

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