VIDA URBANA
Sem moradia, famílias vivem em ocupações na cidade de João Pessoa
Cerca de 22 mil pessoas na capital esperam conseguir uma casa por meio de programas habitacionais.
Publicado em 01/04/2015 às 7:07 | Atualizado em 16/02/2024 às 11:03
Uma seta indica que ali é um lar, não fosse por isso o quarto ocupado por cinco pessoas poderia ser considerado apenas um local de sobrevivência. Assim é a vida da auxiliar de serviços gerais Maricel Paulino e de mais outras 180 famílias há 2 anos.
Elas moram na comunidade Tijolinho Vermelho, que fica no antigo Hotel Tropicana, Centro, onde se unem às mais de 22 mil pessoas que estão à espera de uma casa por meio de programas habitacionais em João Pessoa.
De acordo com Marcelo Pereira, um dos representantes dos moradores que vivem na comunidade Tijolinho Vermenho, as famílias que ali vivem têm a esperança constante de conseguir uma moradia e só sairão de lá quando a sua luta for atendida.
“A gente não está aqui porque quer. Quem está aqui, vivendo nessas condições, sem higiene e tudo amontoado, é porque não tem outra opção. É tudo muito caro e a gente precisa de uma moradia. O povo da prefeitura vem aqui e diz que não tem obrigação com a gente, mas fizeram nosso cadastro e dizem que um dia vamos receber as casas. Não sairemos daqui, não desistiremos da nossa luta até sermos atendidos”, acrescentou.
Assim como os moradores do Tijolinho Vermelho, pelo menos dez famílias moram no galpão de um prédio que abrigava um dos setores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que fica na rua Coronel Estévão, no bairro de Jaguaribe. No local, as condições de vida são ainda mais precárias do que no Hotel Tropicana.
De acordo com uma das moradoras mais antigas do local, Nubiana Morais, que vive com o esposo e dois filhos em um vão improvisado há nove anos, a esperança de ter uma moradia é o que move os seus dias.
“A gente convive aqui com o perigo e o medo. Tem gente que chega e faz confusão, outros moradores que querem brigar. Se a gente não tiver pulso firme, não mora aqui. Só meu marido trabalha, ele tira coco, e eu estou desempregada. Vou confessar: rezo todo dia para sair daqui”, revelou.
Ela não é a única a viver nessa situação. Diversas mães relataram que as crianças, vivendo sob condições subumanas, adquirem desde viroses a vermes de cachorro. “Meu filho quase morreu uma vez depois de pegar um verme de cachorro. Mês passado todo mundo aqui pegou uma virose. É difícil viver assim”, complementou Nubiana.
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