VIDA URBANA
Semob tira de circulação mais de 200 coletivos com irregularidades
Principais problemas constatados são falta de conservação dos pneus e extintores com prazo de validade vencido.
Publicado em 16/03/2016 às 7:43
Após pegar o ônibus que passa pelo Bairro dos Novaes, em João Pessoa, o zelador Fernando de Oliveira segue a caminho de casa. Apesar da espera pelo coletivo, a viagem seria até tolerável, não fosse o risco do veículo quebrar no meio do caminho por falha mecânica e as chacoalhadas que causam até quedas em alguns passageiros. São problemas como esses que motivaram a Superintendência de Mobilidade Urbana da capital (Semob) a recolher 216 ônibus no ano passado. Em 2014, 314 ônibus foram tirados de circulação.
A principal causa da retirada desses veículos de circulação foi a falta de conservação dos pneus, muitos desgastados e até rasgados, segundo informou o superintendente da Semob, Carlos Batinga. “Os pneus nessas condições são riscos para os passageiros e para o trânsito, pois podem causar sérios acidentes”, alertou o superintendente, lembrando que as fiscalizações nos coletivos urbanos são realizadas diariamente pelos agentes de mobilidade urbana.
Na sequência dos problemas que implicam apreensão dos coletivos estão a presença de extintores de incêndio com prazo de validade vencido ou até mesmo a falta desses equipamentos, além de falhas no funcionamento das plataformas de acessibilidade e no sistema de suspensão dos transportes.
Essas inadequações que podem causar risco de acidentes não passam despercebidas pelos passageiros. Acostumada a utilizar pelo menos quatro ônibus todos os dias para ir ao trabalho e depois à faculdade, Luciana da Costa revela que a limpeza no interior dos veículos também deixa a desejar e já se atrasou para o trabalho e aulas porque ficou no meio do caminho, com o ônibus quebrado. “Moro em Paratibe (Valentina Figueiredo) e tem umas linhas que os ônibus são muito velhos e eu evito pegar, só se realmente estiver apressada. Mesmo assim, a gente corre esse risco do ônibus quebrar”.
A doméstica Maria das Neves Domingos, que mora no José Américo e trabalha no Bairro dos Ipês, faz mesma queixa e revela ainda que nunca viu extintor de incêndio nos ônibus que utiliza. “Tem ônibus que as janelas são estreitas e outras a gente nem consegue abrir, Deus me livre de ocorrer algum incêndio”, disse.
De acordo com Carlos Batinga, os ônibus com irregularidades mecânicas e falta de equipamentos essenciais, como os extintores, ficam restritos nas garagens das empresas e só são liberados após a regularização dos problemas identificados. “As empresas que fazem o transporte urbano em João Pessoa são concessões públicas, têm contratos com a Prefeitura e devem oferecer um serviço seguro e de qualidade, disse.
O que diz o Sintur-JP
O diretor do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP), Mário Tourinho, informou que os problemas identificados nos veículos através das fiscalizações corriqueiras da Semob são corrigidos e as empresas ainda fazem manutenções periódicas preventivas. Contudo, ele lembrou que a precariedade na infraestrutura de muitas vias pelas quais circulam os ônibus favorecem ao desgaste dos transportes e prejudicam até o funcionamento das plataformas de acessibilidade.
“Essa dificuldade que ainda temos na acessibilidade é por conta dessas áreas com problema na infraestrutura, independente da manutenção corretiva e preventiva, dificulta a circulação normal”, disse.
Comentários