VIDA URBANA
Serrotão é o bairro com mais homicídios em Campina Grande
População do bairro diz que distância do Centro e ruas 'desertas' tornam o local vulnerável.
Publicado em 03/09/2015 às 8:41
Um triplo homicídio, a morte de um detento seguida de uma rebelião no presídio e mais quatro assassinatos fizeram do bairro do Serrotão o mais violento do primeiro semestre de 2015 em Campina Grande, com relação ao número de homicídios. Para a população, a pouca urbanização e distanciamento do Centro podem ter influência, mas de acordo com a polícia as ocorrências foram pontuais e não refletem a situação real do bairro.
“O problema maior aqui é que as ruas são muito esquisitas, com movimento de poucas pessoas. A gente até evita ficar na frente de casa, e as crianças passam para a escola apressadas em grupos para evitar que ocorra algo”, desabafou a moradora do Serrotão Maria Aleixo Rocha, 32 anos, ao destacar que mesmo não considerando o bairro perigoso, a distância do Centro e a pouca urbanização tornam o local vulnerável.
No entanto, o Delegado de Homicídios da Polícia Civil, Antônio Lopes, destacou que um dos fatores que fez o número se tornar alto foi o triplo homicídio registrado no mês de maio. “Quase metade destes homicídios foram em uma única ocorrência, onde uma troca de tiros entre criminosos deixou três pessoas mortas. Outro detalhe é que nenhuma das vítimas morava no bairro do Serrotão e estavam apenas refugiadas no local por conta de uma briga entre gangues”, disse o delegado, afirmando que a maior parte dos homicídios acontecem nos bairros onde as vítimas moram.
O triplo homicídio a que o delegado se referiu aconteceu no dia 10 de maio e resultou nas mortes de Márcio Santos Ferreira, 17 anos, e Patrick Breno da Silva, 17 anos, moradores do Jeremias, e Diego da Silva Neves Santos, 23 anos, que morava no bairro do Pedregal. A unidade de policiamento mais próxima ao Serrotão fica no Mutirão e, de acordo com populares, a viatura do posto sempre faz rondas, mas ainda assim não garante a segurança da população de forma que a isente de riscos.
Dos 50 bairros de Campina Grande, em 31 houve registro de homicídios no primeiro semestre desse ano. O levantamento foi feito pelo JORNAL DA PARAÍBA com base nos dados da 10ª Delegacia Seccional da Polícia Civil (10ª DSPC). Neste período, de janeiro até junho, a cidade registrou 85 homicídios no total, tendo um aumento de 13,3% em relação ao primeiro semestre do ano passado, quando ocorreram 75 assassinados. Além do Serrotão, outros bairros no ranking da violência são Malvinas, Monte Castelo, Bodocongó, Liberdade, Pedregal, Jeremias, Catolé, Centenário, Ramadinha, Tambor e José Pinheiro, que registraram de três a sete casos, cada um, neste mesmo período.
Ainda em relação aos dados do primeiro semestre deste ano, dos 85 homicídios, 81 foram contra homens e quatro contra mulheres. Um dos casos que mais chocou a população da cidade foi o assassinato da enfermeira Aucilene de Almeida Lucena, 32 anos, morta no Canal de Bodocongó, depois que bandidos tentaram roubar a moto da vítima. Mesmo baleando a vítima, os acusados fugiram sem levar a moto. A enfermeira estava indo para o trabalho no hospital da FAP, em Campina Grande. O crime aconteceu no dia 18 de abril.
O delegado Antônio Lopes disse que o fato da maioria dos homicídios ser contra homens é proporcional ao envolvimento do sexo no mundo do crime. “No tráfico, roubos, furtos, impera a participação de homens. Isso se dá até pelo processo natural do homem ser mais forte fisicamente do que a mulher. Também há mulheres envolvidas com o crime, mas estas geralmente auxiliam maridos que acabam por levar elas para o mesmo caminho”, explicou ele. (Especial para o JP)
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