VIDA URBANA
Serrotão instala tela para evitar arremesso de objetos vindos de fora do presídio
Nos últimos seis meses foram jogados 420 celulares, carregadores e 34 Kg de maconha por cima do muro.
Publicado em 20/10/2015 às 9:49
Enquanto o impasse a respeito da interdição da via lateral do presídio Raymundo Asfora (Serrotão), em Campina Grande, continua, pondo de um lado a necessidade de reforçar a segurança e restringir o arremesso de objetos para dentro da unidade, e do outro, o prejuízo dos moradores do entorno e do bairro do Mutirão, que só contam com uma via de acesso pavimentada, as investidas dos bandidos continuam preocupantes.
Nos últimos seis meses, segundo a direção da unidade, foram jogados para dentro da penitenciária, através da rua lateral, mais de 34 quilos de maconha, além de 420 celulares, cerca de 100 facas e espetos, carregadores, baterias, chips e outros itens eletrônicos.
Na sexta-feira passada, a audácia dos bandidos foi tão grande que eles tentaram jogar para dentro do presídio uma sacola contendo artefatos explosivos e que seriam utilizados, possivelmente, para uma fuga em massa. Esses arremessos aumentaram, segundo o diretor do presídio Delmiro Nóbrega , após a implementação do raio-X corporal e de materiais, que dificultaram a entrada de itens proibidos através de visitantes dos detentos. “Como agora é difícil entrar com esses objetos, eles tentam jogar pelo muro, e o fato da rua lateral à unidade não ser interditada, facilita a prática”, afirmou o diretor Delmiro Nóbrega. Agora, para diminuir os arremessos, está sendo colocada uma tela de nylon sobre o muro, de cerca de três metros de altura.
Ainda conforme o diretor, a impossibilidade de se controlar o acesso à rua expõe também a segurança dos próprios agentes e policiais. “Constantemente pegamos facas e materiais que munem os criminosos já dentro do presídio, nas operações pente fino. Então essa proibição de tráfego na área, reforçaria a segurança, já que qualquer aproximação teria o único fim o presídio, e qualquer ato em contrário seria suspeito”, ressaltou. Em uma operação pente-fino realizada na semana passada, foram encontrados 32 celulares, 118 gramas de maconha; 21,6 gramas de cocaína, 49 baterias, 24 carregadores, 25 fones de ouvido, 19 chips, 8 espetos, 12 facas e 3 caixas de som.
No entanto, para os moradores do entorno, a interdição da via trará mais prejuízos que segurança. A dona de casa Maria da Conceição que há um ano mora no início da rua que dá acesso ao presídio, e por onde passa o ônibus, conta que toda a área é vulnerável a possíveis arremessos. “Isso só vai prejudicar a gente. Vamos ter que sair daqui pra pegar ônibus do outro lado da BR 230. O certo é aumentar o muro, reforçar a segurança. Não se pode 'resolver' um problema, frisou a dona de casa, enquanto se cria outro.
Para a gerente de transportes da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP), Araci Brasil, a melhor via de acesso é a que passa na lateral do presídio, que se interditada agora, iria desfavorecer o bairro do Mutirão. “Nós temos como mudar a rota, mas não é uma coisa boa nem pro transporte, já que a via não é pavimentada, nem para a comunidade”, disse.
Saiba Mais
Segundo o secretário de Obras de Campina Grande, André Agra, a rua lateral ao presídio do Serrotão só poderá ser interditada depois que a pavimentação de uma nova via de acesso ao bairro do Mutirão for concluída. “Nos dispomos a contribuir com a segurança pública, mas não podemos prejudicar o povo por isso, então procuramos outra solução, que foi a pavimentação de outra via de acesso ao bairro”. Ainda segundo Agra, essa pavimentação está sendo licitada, e deverá ficar pronta até março do próximo ano.
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