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VIDA URBANA

Simpatias para um ano de sorte

Tradicionais na virada do ano, rituais misturam superstição e fé para atrair saúde, paz, dinheiro, emprego e até paixão.

Publicado em 30/12/2012 às 12:08


Cinquenta e dois anos de idade, oito deles de tradição. Dona Maria José de Lima guarda com ela um costume que se repete desde 2004. Indispensável para a moradora de Bayeux é visitar o Mercado Central de João Pessoa e comprar os artigos que não podem faltar no final do ano. Alecrim, romã, malva rosa e “velinhas de cor” estão na lista de compras que a mulher carrega na memória.

As pétalas de flores usadas em um banho especial precisam ser brancas, para trazer paz e tranquilidade. O coentro, verde e fresco, é colhido no último dia e se encarrega de espantar o mau-olhado. Em casa, com os ingredientes, ela faz preces por um ano de prosperidade e proteção para a família.

Simpatias que associam fé e superstição fazem parte do ritual de virada de Dona Maria José e outros paraibanos, que nesse período de transição entre os anos, não esquecem de reservar um tempo para comprar e realizar as receitas que prometem alcançar sorte e prosperidade no ano que começa.

Acender velas brancas durante o Réveillon continua sendo a crença mais realizada e é conhecida por atrair paz e boas energias, assim como as amarelas, que atraem fortuna, e as verdes, para melhorar a saúde ou curar doenças.

Para quem deseja viver novas paixões, as vermelhas são as mais adequadas. Velas cor de rosa prometem melhorar o relacionamento, que pode ser de ordem amorosa ou uma amizade. E ainda, se a vontade para o novo ano é encontrar um novo emprego, as azuis ou lilás são as mais indicadas.

Alguns grãos, a exemplo da lentilha, também fazem parte da tradição dos festejos de virada e entram na mesa como um elemento a mais para alcançar um bom ano, sobretudo por possuir uma simbologia ligada à prosperidade.

Uma simpatia muito usada para garantir dinheiro e emprego no ano novo é ferver um punhado de lentilhas e colocar sobre um prato branco.

Por cima, o aconselhado é despejar uma moeda de cobre, uma de prata e outra dourada. Ao lado do prato, é importante acender uma vela de sete dias e pensar nas realizações financeiras para o final do ano.

As frutas também desempenham papel de prosperidade, riqueza e fartura, e compõem a tradição de fim de ano. As que possuem caroços são sempre as mais procuradas. É o caso das uvas e romãs.

Valderes Maciel não deixa faltar os produtos na última ceia do ano e afirma que gosta deles em grande quantidade. “Aprendi com minha mãe a trazer sempre romãs à mesa, porque é um fruto associado à fartura e fertilidade. Por aqui, temos o costume de colocar os caroços em um papel branco e guardar durante o ano inteiro”, conta.

Para o comerciante Arlindo Freire, o ano que começa é sempre regado à prosperidade que aparece nas últimas semanas do ano velho. Vendedor de raízes e produtos “da terra”, Arlindo comemora o movimento no seu ponto do Mercado Central. A fé dos clientes na procura pelos chamados “ingredientes” para as simpatias, gera um lucro certo.

Fora da temporada, seu Arlindo vende 100 romãs por semana. No entanto, basta chegar dezembro pra que o número semanal se transforme em número diário. “De 100 por semana, a gente passa para 100 ao dia. Tem hora que falta, mas pensando nisso a gente procura ter sempre no estoque”, conta.

De Guarabira e outras regiões do Estado, a romã paraibana deixa de ser comercializada a R$1,00 (unidade) e salta para R$ 3,00, uma valorização no preço que não afasta a clientela. Competindo diretamente com outra variedade da fruta, trazida de terras baianas, e que é mais “bonita e graúda”, conforme apontado pelo vendedor, a romã da Paraíba ainda é a preferida em João Pessoa, sobretudo, pela durabilidade.

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Jornal da Paraíba

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