VIDA URBANA
Soro contra raiva está em falta nos postos de sáude da Paraíba
Estado precisa de aproximadamente 1.500 ampolas por mês, mas o MS só enviou 150 doses para 2 meses.
Publicado em 18/03/2015 às 6:00 | Atualizado em 19/02/2024 às 11:10
A Paraíba só possui 10% do total de soros antirrábicos necessários para atender à demanda gerada por todo o Estado. Enquanto o Estado precisa de aproximadamente 1.500 ampolas por mês, o Ministério da Saúde (MS) encaminhou, para um período de 2 meses, apenas 150 doses.
De acordo com o coordenador do Programa de Raiva da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Francisco de Assis Azevedo, o desabastecimento é um problema alarmante e que preocupa, pois a doença é fatal e a rede pública de saúde é a única que oferece o tratamento em casos suspeitos de transmissão.
Além da pequena quantidade de soros recebida, algumas das ampolas vieram quebradas e o estoque já está perto do fim, mesmo antes do fim do mês de março, conforme Assis. “Dessas 150 ampolas que recebemos, seis vieram quebradas e acabamos de abrir essa última caixa. Talvez, se eles mandarem mais, vai ser só no início de maio. O que eles mandaram agora para 2 meses é apenas 10% da nossa demanda mensal. Isso é preocupante porque o soro é a única forma de prevenir a transmissão da raiva em casos mais graves. Lembrando que esta é uma doença que pode ser fatal”, alertou.
E não só o soro está tendo que passar por uma fase de racionamento, a vacina, utilizada para casos menos graves e como tratamento complementar em casos suspeitos de contaminação por raiva, também está em falta. A demanda para ela é de cerca de 1.700 doses por mês, e destas, cerca de 600 são apenas para a cidade de João Pessoa. Apesar disso, o Estado recebeu, para o mesmo período do soro, apenas 300 doses.
“Temos vários problemas com isso. O soro, por exemplo, depende do peso da pessoa. Nós utilizamos um em uma pessoa de até 25 quilos, e a maioria das pessoas que vêm são adultas e precisam usar dois ou mais. Já as vacinas, que são mais frequentemente utilizadas, auxiliam nesse tratamento ou são usadas só elas, em casos menos graves, e nós também estamos tendo que racioná-las. Em condições normais, o estoque que temos hoje para todo o mês de março e abril não daria nem para uma semana”, revelou.
Afirmando estar 'de mãos atadas', o coordenador do Programa de Raiva da SES explicou que o desabastecimento dos soros e vacinas é um problema nacional e, segundo o Ministério da Saúde, foi motivado pela necessidade da adequação das empresas que fabricam os compostos.
“Eles explicaram que a vacina está em falta por conta de uma exigência da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que fossem atendidas normas de boa qualidade. O soro, por sua vez, depende de uma assinatura do ministro para que seja feita uma licitação”, explicou.
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