VIDA URBANA
Suspeito de ajudar Patrick vai permanecer preso no PB1
Pedido de liberdade de Marvin Henriques Correia foi negado.
Publicado em 31/10/2016 às 16:20
Marvin Henriques Correia, suspeito de participação na chacina de uma família paraibana na Espanha, teve o pedido de liberdade negado durante audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (31) no 2º Tribunal do Júri de João Pessoa. Com a decisão, Marvin permanecerá preso preventivamente na Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, o PB1, em João Pessoa, até a conclusão das investigações.
A decisão foi tomada pela juíza Francilúcia Rejane de Souza. "Fizemos o pedido para que ele fosse enviado para uma unidade que lhe forneça segurança, onde não haja ameaça à sua integridade física", explicou o advogado de Marvin, Sheyner Asfora.
Para Asfora, entretanto, a manutenção da prisão preventiva não tem base legal. "O Marvin pode até ter apresentado uma conduta moralmente reprovável, mas para o Direito Penal não há crime algum. Essa troca de mensagens não constitui delito", afirmou.
Marvin foi preso preventivamente na sexta-feira (28), a pedido do Ministério Público da Paraíba (MPPB). Segundo a Polícia Civil, as investigações comprovam que o jovem de 18 anos manteve contato direto com François Patrick Nogueira Gouveia, que confessou o crime, quando este matava o tio, Marcos Campos Nogueira, a esposa dele, Janaína Santos Américo, e os dois filhos pequenos do casal. As conversas teriam acontecido pelo aplicativo de mensagens WhatsApp e Marvin teria, inclusive, dado dicas de como mutilar e ocultar os cadáveres.
"Coisa de doente mesmo", diz Marvin em mensagens
Nas mensagens que compõem o inquérito obtidas pelo JORNAL DA PARAÍBA, Marvin chama Patrick, que cometeu os assassinatos, de "doente" e "psicopata".
"Eu dei facada", diz Patrick, ao que Marvin responde "ne vei [sic]". Em seguida, Marvin chama o amigo de "assassino lixo". "Não sei como opinar a respeito do que você deve fazer", escreve Marvin em outro momento.
De acordo com Sheyner Asfora, as mensagens demonstrariam que Marvin não incitou Patrick a cometer o crime. "Para que ele participasse do homicidio seria necessário que ele auxiliasse materialmente o Patrick, o que não aconteceu; ou que ele instigasse ou induzisse o crime, o que também não aconteceu", argumenta o advogado. "Patrick envia a primeira mensagem somente após matar as três primeiras pessoas, em nenhum momento o Marvin participou de alguma forma ou incitou o crime", diz. Outras partes da conversa foram divulgadas pelo Fantástico neste domingo (30).
Asfora acrescentou que irá entrar com um pedido de habeas corpus para libertar Marvin. "Não há base alguma para a prisão. Essas mensagens são irrelevantes", afirma.
Para a polícia, entretanto, as mensagens comprovam que Marvin incentivou Patrick durante os homicídios. "Ele [Patrick] perguntava como agir. Como ele deveria agia com as vítimas, o que ele fazia, qual a melhor forma que ele tinha de ocultar os corpos. E o jovem [Marvin], de prontidão, orientava seu amigo Patrick como agir", relatou o delegado responsável pelo caso, Reinaldo Nóbrega.
Pai acredita que jovem não colaborou com o crime
O pai de Marvin, Percival Henriques, disse em entrevista que não acredita que o filho tenha colaborado 'em tempo real' com o crime. "A prisão preventiva é um exagero. Marvin não oferece risco para sociedade. Não obstruiu, nem tem como interferir nas investigações e não há a menor possibilidade de ele fugir, o que aliás nem sentido faria", afirmou Percival Henriques.
O pai de Marvin confirma que Patrick Gouveia era o melhor amigo do seu filho e, como em qualquer amizade, um confiava muito no outro. Percival disse que não vê como factível a tese de que Marvin orientou Patrick durante os assassinatos. "Estão tentando construir um monstro, onde só há um cara que acabou de sair da adolescência", disse.
Relembre o caso
Os corpos de Marcos Campos Nogueira, Janaína Santos Américo e os dois filhos deles foram encontrados em sacos plásticos, dentro da casa em que moravam, no dia 18 de setembro. As autoridades foram alertadas por um vizinho 'que percebeu o odor' vindo da residência. Os investigadores acreditam que as vítimas estavam mortas há cerca de um mês.
Inicialmente a Guarda Civil espanhola trabalhou com a possibilidade de ajuste de contas. Porém, com o avançar das investigações, descartou-se essa tese e, 15 dias após a descoberta dos corpos, o caso foi dado como encerrado. O único suspeito é François Patrick Nogueira Gouveia, que foi apontado após a polícia achar material genético dele no local do crime.
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