VIDA URBANA
Trajetória marcada por críticas, preconceitos e perseverança
De acordo com o padre, muitos jovens que hoje se preparam para se tornar padres tiveram de enfrentar críticas por parte de amigos e familiares.
Publicado em 18/03/2012 às 8:00
O padre Alberto Cruz, um dos formadores do seminário de João Pessoa, vê com alegria a chegada dos jovens. “Quando um rapaz decide ser padre, tem de primeiro refletir para ter a certeza de que realmente é isso que quer para sua vida”, afirmou.
“Quando eles chegam no seminário, temos conversas sinceras, e alguns preferem voltar após chegarem ao discernimento de que não era esse o caminho”, disse o padre, lembrando que já celebrou casamento de amigos que desistiram do seminário.
De acordo com o padre, muitos jovens que hoje se preparam para se tornar padres tiveram de enfrentar críticas por parte de amigos e familiares. “Eu não tive esse problema, mas nem toda história é igual”, frisou. Ele destacou que, “é preciso sentir os sinais”. Segundo Alberto Cruz, “não é porque uma pessoa recebe apoio de todos que está no caminho certo, ou vice-versa”.
Dentre as dificuldades da caminhada de quem escolhe ser padre está a distância da família e a mudança de rotina. “Muitas pessoas pensam que o padre vive em um mundo fechado. Nós temos uma vida social, saímos para almoçar com os amigos, ouvimos músicas. Há limites que não podem ser ultrapassados, claro, mas temos vida social, sim”, declarou.
Conservar a imagem de sacerdote requer vigilância a todo o tempo. “A partir do momento que você se torna uma pessoa pública, sobretudo um religioso, você tem uma imagem que as pessoas observam”, comentou. O padre explicou ainda que há uma diferença entre ser padre no interior e nas cidades maiores”, declarou. “Na capital, por exemplo, é comum a realização de festas nas paróquias, e a presença do padre é bem aceita, mas se a festa acontece no interior, as pessoas não veem com bons olhos”, comentou.
Ao falar sobre celibato, o padre vai direto ao ponto. “Celibato e vocação são coisas diferentes. Somos pessoas normais, não é porque somos padres que seremos castrados. A escolha tem de ser livre. A partir do momento que o seminarista percebe que não conseguirá manter o celibato, tem que tomar outro rumo”, afirmou. “O celibato é uma opção de vida”, acrescentou.
O padre também falou sobre temas polêmicos da Igreja Católica, como condenação do aborto e camisinha. “Não é que a igreja seja contra essas coisas, a Igreja é a favor da vida, acima de qualquer hipótese”, frisou. “Se eu dou uma camisinha ao adolescente, ele entende que pode fazer sexo livremente.
Prezamos pela dignidade humana”, declarou o sacerdote, ordenado padre em 2006.
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