icon search
icon search
icon search
icon search
home icon Home > cotidiano > vida urbana
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

VIDA URBANA

Transposição é a saída, apontam especialistas

Estudiosos revelam que perfuração de poços e o abastecimento por carros-pipa são medidas paliativas para Campina Grande. Açude de Boqueirão tem 18,6%.

Publicado em 03/06/2015 às 6:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 17:02

Há mais de 50 dias sem registrar ganho significativo de água, e atualmente com apenas 18,6% do seu volume total, o açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, caminha para o colapso. Sem previsão de chuvas e diante das medidas tardias tomadas pelos órgãos que gerenciam o reservatório, é hora de encarar os fatos e olhar para um futuro próximo, buscando alternativas que possibilitem a subsistência da população.

Nesse momento, surgem as perguntas difíceis. Qual é o plano de contingência caso Boqueirão seque ano que vem? Quais as alternativas diante da falta de água para mais de 634 mil pessoas? Para os especialistas, somente a transposição do São Francisco poderia salvar Campina Grande da falta de água. Moradores de mais 18 cidades também são abastecidos por Boqueirão e enfrentam racionamento desde 2014.

“Se você me perguntar quais as alternativas para o desabastecimento da cidade de Campina Grande, eu vou te dizer, francamente, que só existem duas: a chuva e a integração do rio São Francisco. Outras medidas, como a perfuração de poços e o abastecimento através de carros-pipa são meramente paliativas. Esse cenário é inimaginável, e os danos seriam imensuráveis”, sintetizou o engenheiro e ex-gerente da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), Isnaldo Cândido, que há décadas se debruça sobre o tema.

O pensamento também é compartilhado pelo professor de engenharia de recursos hídricos da Universidade Federal de Campina Grande, Janiro Costa. O especialista, que desde 2012 alerta para essa situação, foi enfático ao dizer que a única solução para o abastecimento de Campina Grande, diante do esgotamento de Boqueirão, seria a transposição. “Se a integração do São Francisco chegasse a tempo, estaria tudo resolvido. A vazão do rio é de dez metros cúbicos por segundo e nós só precisamos de um para Campina Grande e as outras cidades que hoje são abastecidas pelo açude”, declarou. Moradores enfrentam racionamento desde dezembro de 2014.

No entanto, a integração, que é vista como salvadora pelos especialistas deve demorar um pouco mais a ser finalizada, isso porque o término da obra sofre adiamentos consecutivos. O último estendeu o prazo de conclusão de setembro 2016 para o início de 2017. Demorou cerca de oito anos para que a integração da bacia do São Francisco chegasse à cidade de Sertânia, em Pernambuco. Até a cabeceira do rio Paraíba, na cidade de Monteiro, são mais 30 quilômetros, aproximadamente meia hora de viagem.

Só que tempo não é uma variável a favor de Boqueirão. Em menos de seis meses, conforme os especialistas, o reservatório deve chegar ao volume morto, que corresponde a 13% da sua capacidade, apenas 5% a mais do possui hoje. Depois disso, a captação de água será feita através de um sistema alternativo, de forma limitada e insuficiente para a demanda das 19 cidades e sete distritos abastecidos pelo açude. Mas esse volume também tende a acabar em poucos meses, isso sem avaliar o risco da água ficar imprestável para o consumo humano.

“Se os quatro governadores dos estados que vão ser beneficiados com a integração do São Francisco e os doze senadores não se empenharem, sem contar prefeitos e demais autoridades, essa obra não vai chegar a tempo de salvar a nossa região. Não dispomos de tempo”, afirmou Isnaldo Cândido.

O cenário climático também não aponta melhora nos próximos meses. Conforme a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), o período chuvoso da região do Cariri, onde estão situados os rios Paraíba e Taperoá, principais afluentes de Boqueirão, já acabou. E precipitações capazes de levar uma recarga significativa ao açude só aconteceriam “por um milagre divino”.

CONSTRUÇÃO DE CISTERNAS
Mesmo diante do iminente colapso no abastecimento, especialistas em recursos hídricos elencam medidas simples que podem amenizar o sofrimento da população em face da falta de água, uma delas é a construção de cisternas ou compra de caixas d’água para captação da chuva. Mesmo que na região do Cariri o período chuvoso já tenha terminado, em outras áreas, como no Agreste, onde se situa Campina Grande, junho é o início da estação chuvosa, que deve prosseguir até setembro.

Essa seria uma solução razoável para garantir o consumo de água de várias famílias da região, explica Isnaldo Cândido. Uma cisterna de 12 mil litros, por exemplo, abastece de água potável uma família de 5 pessoas durante cerca de 8 meses sem chuvas na região. “É importante também que façamos a nossa parte, isso multiplicado por milhares, fará uma grande diferença”, ressaltou.

Outro mecanismo eficiente que pode ser adotado nas residências é o reúso da água doméstica. Ação que o próprio especialista já faz na sua casa. “Fui na rua comprei um cano, depois comprei duas caixas. É um sistema simples de se fazer. A água das pias vai para a descarga, a da lavadora de roupas para o jardim. Basta iniciativa, na seca de 1998 e 1999, quando eu ainda não tinha feito o sistema, eu tomava banho dentro de uma bacia, e utilizava essa água na descarga. Quer alternativa mais simples? Qualquer um pode fazer isso”, comentou Isnaldo.

ALTERNATIVAS SÃO VIÁVEIS PARA CAMPINA GRANDE?

A população pode ser abastecida por meio de carros-pipa?

Para os especialistas, o uso de caminhões-pipa para uma grande população é totalmente inviável, não só pela ausência de um montante tão grande de veículos em relação à demanda como por simplesmente não haver de onde captar tanta água para ser transportada no Estado.

E a perfuração de poços artesianos para retirar água?

Fala-se muito em água do subsolo para se resolver o problema hídrico da cidade. Sobre este assunto, os especialistas explicam que é uma alternativa importante, se constituindo em uma fonte alternativa de água, principalmente para escolas e hospitais. No entanto, não seria a solução de todo o problema, dadas as características geológicas da região. “A perfuração de poços é uma iniciativa bem-vinda, todavia limitada, pois a região de Campina Grande se encontra sobre um cristalino, o que significa que o subsolo é pobre em água subterrânea e os poços não têm vazão suficiente para substituir o abastecimento convencional”, explicou Janiro Costa.

O Açude Zé Rodrigues, no distrito de Galante, pode ser usado para abastecimento local?

Com 11,9 milhões de metros cúbicos de água, o que representa 53,4% de sua capacidade, o açude de Galante poderia ser usado para o abastecimento local do Distrito, afirmou o professor Janiro Costa. “Para isso, bastaria apenas uma estação rápida de tratamento. Essa água aliviaria o sistema de distribuição de Boqueirão por alguns meses, se usada racionalmente”, afirmou Janiro.

Seria possível trazer água do mar dessalinizada para abastecer o município?

Mesmo admitindo ser possível trazer a água do mar para o abastecimento de Campina Grande, os especialistas dizem que a obra não seria finalizada em tempo viável para socorrer a cidade. “Uma usina de dessalinização para trazer a água do mar é uma obra demorada e de alto custo, que não se faz de uma hora pra outra”, comentou Janiro.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp