VIDA URBANA
Tratamento para suor excessivo inclui cirurgia
Distúrbio de ordem hereditária que afeta cerca de 2,5% da população mundial, a hiperidrose tem solução e pode ser tratada.
Publicado em 03/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:37
Dias mais longos, sol e calor. São muitas as consequências da chegada do verão. No organismo, uma delas está relacionada ao aumento na produção de suor, que, segundo especialistas, é fundamental para o controle da temperatura interna.
Em alguns indivíduos, porém, independentemente da estação, essa produção pode vir em uma quantidade acima do normal, causando vários problemas e complicações. Trata-se da hiperidrose, distúrbio que tem solução e pode ser tratado.
“A hiperidrose é um termo médico utilizado para caracterizar pessoas que suam excessivamente em determinadas localizações do corpo – principalmente mãos, pés, axilas, rosto e couro cabeludo – em situações corriqueiras do dia a dia”, explica o cirurgião torácico Eduardo Antônio Lopes Barros.
De acordo com ele, o distúrbio é de ordem hereditária e afeta cerca de 2,5% da população mundial. “A nossa média nacional é da ordem de 3%, com as mulheres sendo seis vezes mais acometidas que os homens”, revela. Em relação aos tratamentos existentes, o médico afirma que os pacientes podem contar com o auxílio de várias intervenções, entre elas, aplicações de toxina botulínica nas áreas afetadas.
“Esse procedimento tem a vantagem de não ser cirúrgico e os sintomas desaparecem por um tempo de 3 a 4 meses”, expõe Eduardo. “As desvantagens são as várias injeções, a repetição da aplicação de três a quatro vezes todos os anos, o custo elevado e, em alguns casos, quando acaba o efeito, entre uma seção e outra, a sudorese pode vir pior do que era antes”, completa.
Conforme ele, uma das únicas soluções que resolvem o distúrbio de maneira quase definitiva é a cirurgia.
“Ela vem sendo realizada desde o início da década de 90, passando por várias mudanças técnicas que têm trazido melhorias constantes aos resultados e uma diminuição dos efeitos colaterais”, ressalta.
“Essa cirurgia é feita em média de 15 minutos, em ambiente hospitalar, e a alta do paciente é no dia seguinte, com repouso domiciliar de dois dias e volta às atividades de trabalho em 10 dias. Os cortes são minúsculos e quase imperceptíveis (0,5cm), suficientes para entrada de uma microcâmera”, acrescenta.
Segundo o médico, que já atendeu mais de 1.300 casos do tipo em dez anos, os resultados têm sido satisfatórios. “Observamos mais de 99% de cura para as mãos, mais de 90% para axila e mais de 98% de rosto e couro cabeludo. Os resultados para pés não são tão eficientes: 60% a 65% de cura. O resultado já é percebido logo no pós-operatório quando o paciente acorda da anestesia”, menciona.
OUTRAS OPÇÕES DE TRATAMENTO
Além da cirurgia e das aplicações de toxina botulínica, pacientes que têm hiperidrose também podem contar com outros tratamentos. Em casos mais leves, os antitranspirantes costumam ser uma opção viável. Eles aparecem em forma de gel, creme e fitas.
A iontoforese, técnica que emprega íons ativos nos tecidos, também vem ganhando relevância. Realizada através de pequenos choques, ela, que é voltada para as áreas dos pés e das mãos, melhora o distúrbio apenas durante o tratamento.
Já a lipoaspiração, que surge como um procedimento mais invasivo, visa retirar as glândulas sudoríparas das axilas através de aspiração interna e é feita somente em clínicas e hospitais com anestesia local.
PESSOAS COM HIPERHIDROSE TÊM SEU DIA A DIA MUITO AFETADO
Quem sofre de hiperidrose tem a rotina afetada de forma intensa pelo distúrbio. De acordo com o médico Eduardo Antônio Lopes Barros, o suor em excesso proveniente das mãos, pés, axilas, rosto e couro cabeludo é visto como causador de muito sofrimento e constrangimento para os pacientes.
“Na hiperidrose palmoplantar – o suor excessivo em mãos e pés –, mães de crianças que sofrem do problema relatam dificuldades na escola, pois os papéis das tarefas escolares ficam molhados e muitas vezes se faz necessária a colocação de lenços de panos na superfície do papel”, conta.
“Além disso, há a impossibilidade de usar sandálias abertas, pois é comum que não se consiga firmar o pé para caminhar com as mesmas, e o acumulo de sujeira, que leva a formação daquela lama oriunda da mistura do suor com areia e a umidade, provocando um aumento da chance de infecção por fungos (frieiras)”, cita.
Eduardo conta, ainda, que em casos de suor nas axilas, os indivíduos muitas vezes preferem recorrer às roupas de cores pretas ou brancas para evitar que o suor fique evidente.
“Raramente eles usam roupas de cor, pois as outras pessoas relacionam o suor visto na vestimenta com falta de higiene e isso constrange demais, principalmente uma pessoa que se preocupa tanto com isso”, relata. “Alguns, nesses casos, também podem apresentar, junto com a hiperidrose axilar, a bromidrose – mau cheiro nas axilas”, acrescenta.
Conforme o cirurgião, pacientes que sofrem da transpiração em excesso no rosto e no couro cabeludo são quase sempre dependentes de lenços e toalhas. “Estes pacientes estão com cabelos quase sempre molhados, como se tivessem acabado de sair do banho, o rosto sempre com a testa suada, o nariz e o buço também”, exemplifica. (Especial para o JP)
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