VIDA URBANA
Trecho de 10 km na BR-230 é um dos mais perigosos do Brasil
65% dos acidentes registrados em rodovias federais no Estado ocorrem entre a altura da UFPB e o Corpo de Bombeiros.
Publicado em 24/09/2015 às 8:40
Um trecho de 10 quilômetros na BR-230, em João Pessoa, é o décimo ponto mais crítico do Brasil nas rodovias federais em relação a acidentes graves. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no trecho do km 20 ao 30, aconteceram 552 acidentes. Destes, 63 graves, com nove mortes, em 2014. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 65% de todos os acidentes que ocorrem nas rodovias federais da Paraíba acontecem na região, que vai do acesso à avenida Dom Pedro II até o limite com Bayeux, na Região Metropolitana da capital. No ranking dos 10 pontos mais críticos elencados pela PRF, o trecho mais perigoso do Brasil é o do km 260 ao 270, da BR-101, em Serra, no Paraná, com 126 acidentes graves e 11 mortos.
O motorista Gilvan da Silva, que vai todos os dias até o trecho para trabalhar, revela que já viu muitas situações perigosas. “Acabei de ver uma senhora com duas crianças que quase ia sendo atropeladas por um caminhão na faixa esquerda da rodovia. Eu atravesso todo dia aqui, mas correndo risco de vida”, afirma. Já a pensionista Maria do Carmo da Luz reclama da falta de sinalização e de faixas de pedestres. “Para atravessar a rodovia eu levo cerca de 15 minutos, é tempo demais. Quando as pessoas têm consciência, elas veem os pedestres e param, mas é difícil de isso acontecer aqui”, conta.
Para o inspetor Eder Rommel, da PRF, a justificativa do grande número de acidentes é que esse trecho comporta tanto o trânsito urbano, de dentro da cidade, quanto o rodoviário, com condutores entrando e saindo do Estado. “Se o número de veículos aumenta em um determinado trecho, consequentemente o índice de acidentes cresce. Algumas das soluções para isso é a educação no trânsito e a punição dos infratores”, afirma.
O comerciante Gustavo Barbosa é um dos pedestres que mesmo tendo uma passarela, resolveu atravessar a BR por baixo. “Hoje resolvi passar por baixo porque é mais rápido”, disse. O inspetor da PRF explica que quem opta por atravessar a rodovia por baixo de passarelas, caso sofra um acidente, perde todo o direito a indenização. “Quem age assim perde o direito de requerer o seguro obrigatório. Porque o seguro paga danos pessoais para acompanhante e terceiros durante um acidente. Mas nesse caso não vai cobrir nem os gastos hospitalares nem as indenizações, se for o caso”, alerta.
De acordo com os dados do Ipea, os 170 mil acidentes de trânsito ocorridos nas rodovias federais brasileiras no ano passado geraram um custo de R$ 12,3 bilhões. Cerca de 65% desses custos estavam ligados às vítimas dos acidentes, como cuidados com a saúde e perda de produção, enquanto o restante, aos veículos. Em relação a atropelamentos, 51,6% das mortes ocorreram no período noturno, com maior concentração entre 18h e 20h. Mais da metade dos pedestres morreram em finais de semana. Segundo o inspetor da PRF, o número de agentes responsáveis pela fiscalização é insuficiente, mas eles tentam superar a dificuldade com tecnologia. “Estamos comprando mais radares fotógraficos”, disse.
A reportagem entrou em contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sobre falta de sinalização e faixas de pedestres, mas não obteve resposta. (Colaborou Secy Braz)
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