VIDA URBANA
Tumulto deixa presos do Róger sem visitas
Tumulto começou após dois detentos aparecerem no horário da visita com celulares; parentes dos presos denunciam excessos.
Publicado em 19/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 31/01/2024 às 17:21
Era por volta das 10h da manhã de ontem quando um grande tumulto tomou conta da Penitenciária Flósculo da Nóbrega, conhecida como Presídio do Róger, em João Pessoa. Segundo as mulheres dos detentos, que, aflitas, se concentraram na parte externa da unidade penitenciária, dois presidiários apareceram durante o momento de visitas com aparelhos celulares.
Por esse motivo, agentes penitenciários teriam disparado tiros contra os apenados, atingindo alguns deles e expulsado as suas mulheres. Durante a confusão, mulheres passaram mal e, segundo uma das visitantes, uma grávida chegou a ter um sangramento. A direção da penitenciária confirmou a presença dos celulares e acrescentou que, durante revistas realizadas no Pavilhão III da unidade penitenciária, mais dois aparelhos foram encontrados. A direção ainda garantiu que ninguém saiu ferido e que o dia de ontem terminou com tudo dentro da normalidade.
Apesar dos agentes penitenciários negarem que alguns tiros foram disparados dentro do presídio, Marcela da Silva, esposa de um dos detentos da penitenciária, mostrou uma cápsula que ela garantiu ter encontrado em meio à confusão dentro do presídio. “Eu apanhei essa bala quando eles estavam passando. Do nada vieram atirando para todo lado, gente passando mal e tudo. Depois o alarme soou e a gente teve que sair, porque a visita tinha sido suspensa”, relatou.
De acordo com Lucineide de Melo, outra esposa de detento, além do tumulto, a confusão também deixou feridos. “Tem gente ferida lá dentro. Foram tanto tiros que não dava nem pra contar. Uma pessoa foi atingida no pescoço e outra na perna. A gente está tudo aqui sem ter notícias e eles querem que a gente vá embora para agredi-los como eles sempre fazem. E se a gente falar, corre o risco de ficar um mês sem ver eles e eles ainda são 'tudo machucado'”, denunciou.
Indignadas por terem tido apenas cerca de duas horas de visita, que geralmente vai das 8h às 15h, as mulheres não saíram da frente do presídio e chegaram a enfrentar a força policial. Por volta das 11h30, policiais da Força Tática se dirigiram ao local para conter qualquer confusão que estivesse ocorrendo dentro do presídio, porém as mulheres fizeram uma barreira humana no intuito de impedir a passagem. Ao forçarem a entrada, os policiais esbarraram em uma mulher, que caiu e teve um ataque epiléptico.
De acordo com o comandante do policiamento do 1º Batalhão na manhã de ontem, aspirante Gama, após a suspensão das visitas, teve início uma revista dentro dos pavilhões três e quatro, locais onde teriam tido início a confusão devido aos aparelhos celulares. “Eu não posso dar mais detalhes, mesmo porque a Polícia Militar está aqui apenas para dar apoio, mas eu entrei no presídio e vi que lá estava tudo tranquilo”, garantiu.
Os nervos continuaram alterados no exterior do Presídio do Róger quando o diretor-adjunto da penitenciária, Lincoln Gomes chegou. Era por volta das 12h40. De acordo com o diretor-adjunto, todo o nervosismo estava concentrado na parte exterior do presídio, porque dentro tudo estava na mais perfeita normalidade. “Houve uma revista dentro do presídio porque dois detentos estavam com celulares. Nós tomamos os aparelhos e encontramos mais dois no pavilhão III. Foi lá que realizamos a revista. A verdade é que algumas pessoas não gostaram, mas um faz e os demais pagam por isso”, declarou. “Porém podemos garantir que está tudo tranquilo, não tem feridos, aqueles que estavam com o celular já foram isolados e tomaremos as medidas cabíveis a todos os que iniciaram a confusão”, completou.
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