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VIDA URBANA

UEPB e UFRJ iniciam estudos sobre relação entre a zika e água de Boqueirão

Pesquisadores vão analisar água de carros-pipa nas zonas rurais dos municípios onde há casos da doença.

Publicado em 02/12/2016 às 14:58

A equipe do Laboratório de Saneamento Ambiental, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) vai ajudar nas investigações da relação entre a qualidade da água bruta do açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão e os casos de Síndrome Congênita do Zika Vírus. As investigações estão sendo realizadas a pedido da Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Butantan, focadas na análise da água distribuída através de carros-pipa nas zonas rurais dos municípios, onde há casos da doença.

Conforme a coordenadora do Laboratório de Saneamento Ambiental, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Weruska Brasileiro, o trabalho vai ser o de identificar quais são os reagentes químicos indicados para tratar a água e eliminar as possíveis toxinas encontradas. "Como a gente também tem estudos semelhantes que os pesquisadores já estão fazendo, vamos ajudar nessas pesquisas. Eu não analiso o que a água tem, eu faço os ensaios indicando o tipo de reagente químico que tem que se usar na água. Os pesquisadores estão querendo centrar os estudos nas zonas rurais, que é onde ocorre os problemas de microcefalia, pretendemos identificar outros tipos de contaminantes e eu posso contribuir interferindo no tratamento", frisou.

Brasileiro informou que manteve contato com os pesquisadores da UFRJ para articular as primeiras contribuições que podem partir do laboratório que coordena, esclarecendo que os levantamentos ainda são muito iniciais e exigem um certo tempo para se ter as primeiras afirmações. “Essa pesquisa é muito embrionária. Qualquer estudo toxicológico leva anos, isso é um tempo muito alto para a gente poder afirmar quais os problemas que podem ser encontrados na água”, pontuou, acrescentando que pretende descartar todas as suspeitas para centrar o foco da pesquisa e encontrar respostas, com o apoio do Laboratório de Ecologia Aquática, da mesma instituição.

O laboratório coordenado por Weruska também presta serviços para a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) e, conforme a pesquisadora, a companhia atende a 92 critérios da portaria de potabilidade do Ministério da Saúde. Deixando de seguir apenas um critério, o de remoção de sais, que só poderia ser feito através de dessalinizadores. A professora explica que não há problemas ocasionados pelo descumprimento desse critério e que apenas o gosto da água é comprometido, isso porque permanece salobra.

Suspeita da Prefeitura Municipal de Campina Grande causou polêmica com a Cagepa

Durante uma audiência pública, na terça-feira (29), na Assembleia Legislativa da Paraíba, em João Pessoa, a médica e presidente do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), Adriana Melo, disse que, mesmo tratada, a água de Boqueirão apresenta toxidade em padrões lesivos ao organismo humano. A afirmação parte dos resultados de uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan e da UFRJ, em setembro deste ano. Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados em coletiva na quarta-feira (30).

Já na quinta-feira (1ª), a Cagepa também realizou um entrevista coletiva contestando a pesquisa solicitada pela Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande e reafirmando que os níveis de toxinas encontrados nas águas de Boqueirão estão dentro dos padrões exigidos pela portaria do MS. O diretor de Operação e Manutenção do órgão, José Motta, afirmou que a Secretaria de Saúde está politizando o tema e não existe motivo para esse espetáculo, pois “está gerando um problema de saúde pública na cidade”.

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Jornal da Paraíba

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