VIDA URBANA
Um ano após tragédia, Mutirão está esquecido
Um ano após rompimento de barragem, que causou destruição e morte, no mutirão em CG, continua do mesmo jeito e moradores se sentem abandonados.
Publicado em 18/07/2012 às 6:00
Há um ano, os moradores da rua José da Guia Ferreira, no bairro do Mutirão, em Campina Grande, viveram uma semana angustiante. No dia 20 de julho de 2011, eles foram acordados com uma forte correnteza que acabou levando tudo, inclusive a vida de um menino de 10 anos de idade, José Davison Fernandes. Depois do susto, muita coisa mudou na vida dos populares, mas o local da tragédia continua o mesmo, sem calçamento, sem saneamento básico, sem uma estrutura segura e os moradores continuam acreditando que permanecem esquecidos.
Parte da estrutura da casa onde morava o pequeno Davison continua de pé, como uma lembrança da tragédia que abalou moradores do Mutirão. Cícera dos Santos, 61 anos, contou que jamais poderá esquecer os gritos dos vizinhos e o desespero que viveu naquela madrugada. “Cada família estava procurando salvar seus filhos, mas a gente escutava os gritos desesperados dos pais de Davison, sem poder fazer nada. Eu mesma acordei assustada com a água correndo dentro de casa, de repente ela já estava em minha cintura e só pensei em salvar meus netos”, contou ela.
O fato aconteceu depois que uma barragem se rompeu e acabou inundando as casas, que ficam próximas a um riacho por onde corre a água. Conforme os moradores, ficou apenas a angústia e o medo. “Quando chove forte eu não consigo dormir”, disse traumatizada, Cícera. Ela informou que apesar da tragédia, nada foi prometido e nada foi feito como forma de melhorar a vida dos moradores. “Nossa rua continua a mesma, sem calçamento, sem esgoto, com lixo acumulado em terrenos baldios, e não é somente aqui na rua, mas em todo o Mutirão. Nos sentimos esquecidos e abandonados”, disse a dona de casa Edineide Gonçalves, 27, que mora no local desde a infância.
A moradora contou que a família do menino levado pela correnteza acabou se mudando de local, tentando esquecer o passado não muito distante. “Eles se mudaram de bairro, não tiveram mais condições de continuar aqui. Não restou quase nada da casa e acho que eles preferiram recomeçar em outro lugar”, contou Edineide.
De acordo com o secretário Municipal de Obras, Alex Azevedo, a seis meses para o final da administração atual da Prefeitura de Campina Grande, os projetos que foram criados já estão em execução. Ele informou que o bairro do Mutirão não tem nenhum projeto recente. A equipe do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato com a família do menino Davison, mas não conseguiu encontrá-la.
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