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VIDA URBANA

Uma entre cinco pessoas que malham usam esteroides anabolizantes

Pouco mais de 500 questionários foram distribuídos pela equipe de estudiosos da UFPB, em 42,62% do total de academias de João Pessoa devidamente regularizadas.

Publicado em 06/12/2009 às 9:41

Jacqueline Santos
Do Jornal da Paraíba

Na luta para obter um corpo bonito, com braços mais fortes e músculos bem definidos, o segurança Emanuel “Pequeno” acabou indo a nocaute. As consequências de ter a aparência tão desejada foram as piores possíveis. O jovem morreu em outubro do ano passado por conta de complicações devido à aplicação de óleo mineral, substância que supostamente oferece maior volume a membros como braços e pernas.

Os perigos que rondam os usuários de produtos como esteroides anabolizantes, óleo mineral e o chamado ADE (complexo vitamínico de uso veterinário) – que são os mais utilizados atualmente – parecem não ter importância para jovens que almejam ganhar massa muscular a todo custo. Uma pesquisa realizada por alunos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) revela que 20,6% dos frequentadores de academias de ginásticas de João Pessoa já utilizaram anabolizantes para melhorar a performance física, enquanto que 11% dos entrevistados disseram já ter utilizado alguma droga localizada (de efeito rápido, a exemplo do óleo mineral).

A amostragem realizada no primeiro semestre de 2009 envolvendo mais de 500 pessoas matriculadas em academias da capital expressa a situação dramática vivenciada por quem vive na correria para obter um corpo cheio de músculos. “Essas pessoas se tornam viciadas e acreditam que sempre estão bem mais magras do que na realidade estão. É uma espécie de síndrome, que chamamos de anorexia invertida. Eles associam o uso ao excesso de exercícios”, explica o educador físico Urival Magno, que participou da pesquisa encabeçada pela professora doutora Rachel Linka e atua como membro do Conselho Regional de Educação Física.

Pouco mais de 500 questionários foram distribuídos nos 52 locais visitados pela equipe de estudiosos da UFPB, o que representa 42,62% do total de academias de João Pessoa devidamente regularizadas. Segundo Urival, atualmente a cidade conta com 122 estabelecimentos desse tipo e a pesquisa, por sua abrangência, é capaz de mostrar o perfil dos pessoenses praticantes de exercícios físicos de forma regular.

“A ideia é traçar um raio X da situação e implementar estratégias para impedir a propagação dos anabolizantes. O número de abordagens é suficiente para identificar o grau do problema aqui na nossa cidade”, assegura. O diagnóstico mostra que grande parcela dos usuários dessas “drogas” é do sexo masculino, tem idade entre 18 e 22 anos. O relatório diz ainda que aqueles que confirmaram ter feito uso de esteroides têm, em sua maioria, nível médio de escolaridade e possuem renda mensal entre um e dois salários mínimos.

O educador físico ressaltou que os casos de consumo de anabolizantes aumentam, de forma substancial, no verão e nos meses que antecedem o carnaval, sendo muito recorrentes em usuários de academias sem credenciamento – que funcionam de forma clandestina – presentes principalmente em bairros da periferia de João Pessoa e em pontos de difícil acesso. “Por isso, destacamos a importância das denúncias para evitarmos que mais jovens tenham consequências graves do uso de esteroides”, alerta.

O caso de Emanuel, que morava no bairro de Camalaú, em Cabedelo, e era aluno de uma academia da região, teria sido a última morte registrada por conta da utilização de esteroides ou outras substâncias para o referido fim. No entanto, podem existir subnotificações, já que nem o Conselho Regional de Educação Física nem o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena dispõem de dados sobre possíveis vítimas do consumo de esteroides anabolizantes e outras substâncias semelhantes.

Segundo a cunhada de Emanuel, que se identificou apenas como Dayse, três anos antes de falecer, ele passou a ingerir substâncias para conseguir um porte físico considerado ideal, atitude condenada por todos os familiares. As complicações que o levaram à morte foram motivadas pelo uso do óleo mineral, injetado diretamente nos músculos para promover aumento naquela região do corpo.

Em entrevista concedida na época, o irmão da vítima, Leonardo Nazário, relatou que apesar dos conselhos da mãe, Emanuel, que tinha 23 anos, seguiu usando óleo mineral para ter o corpo mais musculoso. “Há dois anos, minha mãe começou a verificar que havia algo errado. Ela via meu irmão chegar com ampolas e seringas, reclamava, mas ele não escutava ninguém. Dava para notar, ele estava muito inchado”, disse, na época da tragédia.

Dayse contou que toda a família está traumatizada com a morte de Emanuel e se recusa a comentar o assunto. “Todos percebiam a mudança não apenas no aspecto físico, mas também quanto ao comportamento do segurança”, declarou por telefone. A cunhada confirmou que o jovem chegou a ser hospitalizado, provavelmente por problemas oriundos do uso do óleo mineral.

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Jornal da Paraíba

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