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VIDA URBANA

Uma lição de vida em Angola

Jornalista paraibano largou emprego na Inglaterra para viver, no dia a dia, o universo de contrastes que é o país africano.

Publicado em 20/05/2012 às 17:51

O jornalista Vinicius Oliveira, 35 anos, já havia deixado a vida de recém-formado e desempregado em João Pessoa para morar em Londres quando recebeu, de um amigo, o convite para trabalhar na multinacional Odebrecht, em Angola, na África. “O convite foi uma grande surpresa. Não imaginava sair da Inglaterra para morar na África”, recorda.

Mesmo recebendo um salário menor do que conseguia trabalhando nos bares londrinos, a oportunidade de crescimento profissional e pessoal ao vivenciar uma experiência num país pobre e abalado por mais de três décadas de guerra civil, como Angola, acabaram se tornando preponderantes em sua escolha.

“Tem sido uma experiência enriquecedora. Viver na África, berço da humanidade, universo de contrastes e crenças, nos proporciona um grande ensinamento a cada dia. A empresa tem contribuído na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e podemos ajudá-las em sua capacitação, a buscar um horizonte diferente do que vivem hoje”, relata.

Vinicius conta que as dificuldades em Angola, mesmo na capital Luanda, são enormes. Custo de vida alto, falta de acesso a itens básicos, como comida, água e assistência médica, fazem parte da realidade enfrentada pelos angolanos. Segundo ele, o país não possui saneamento básico, linhas de transmissão elétrica, e o transporte público está iniciando.

Por outro lado, relata, a cultura do povo africano é rica e cada vez mais se mistura com a do Brasil. “Eles escutam muita música brasileira, assistem nossas novelas, acompanham nosso campeonato brasileiro e podemos ver muitas pessoas desfilando com as camisas de times brasileiros, principalmente o Flamengo”, afirma.

“Desde 2011, tenho viajado muito ao interior de Angola e a realidade é ainda mais difícil que na capital, mas as pessoas são mais felizes. Vivem em aldeias e se sentem realmente em sua terra. Em Luanda, as pessoas vivem em uma cidade que deveria ter 500 mil habitantes e já possui quase cinco milhões. Não é nada fácil viver em Luanda, seja para o estrangeiro, como para o angolano” compartilha.

Para os funcionários, a empresa fornece moradia, alimentação, transporte ao trabalho e uma série de outros benefícios, como viagens custeadas para visitar a família a cada três meses trabalhados. Nessas folgas, ele aproveita para voltar para casa e desfrutar do carinho de todos.

SAUDADE DE CASA
Tantas regalias, no entanto, não pesam tanto quando o assunto é a saudade da família e dos amigos. “Sair do Brasil foi muito doloroso, pois eu sempre fui muito apegado a minha mãe e ao meu irmão. A sensação de deixá-los foi muito dura, mas eu tinha que enfrentar o mundo”, relata.

Para amenizar a saudade, o jornalista conta que se desdobra com uma internet precária, com conexão lenta e de alto custo. “É horrível não ter tanto contato com amigos e familiares, saber que todos seus amigos estão em uma festa ou foram à praia e você está a milhares de quilômetros de distância. Dá um grande aperto no coração, mas são as escolhas que fazemos na vida. Uma hora eu retorno”, conclui.

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Jornal da Paraíba

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