VIDA URBANA
Unidades de saúde são interditadas por falta de segurança para médicos em Alhandra
Segundo o CRM, uma médica foi agredida enquanto prestava atendimento.
Publicado em 18/01/2019 às 15:09 | Atualizado em 18/01/2019 às 18:45
Duas unidades básicas de saúde da família do município de Alhandra, na Região Metropolitana de João Pessoa, foram interditadas eticamente pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) nesta sexta-feira (18). Segundo a entidade, os motivos da interdição foram falta de segurança, falta de respeito ao profissional, intimidação e agressão verbal ao médico. Na tarde da última quinta-feira (17), uma médica foi agredida por um vereador do município, no momento que estava consultando uma adolescente de 14 anos. A interdição ética médica nas unidades Oiteiro 1 e 2, que funcionam no mesmo prédio, tem início às 0h deste sábado (19).
O diretor de Fiscalização do CRM-PB, João Alberto Pessoa, esteve no município de Alhandra na manhã desta sexta-feira e checou os fatos ocorridos na quinta, comprovando a falta de segurança na unidade de saúde. “Os médicos só poderão voltar a trabalhar no local quando a sua segurança e a dos pacientes estiver garantida. Em conversa com a equipe da unidade, soubemos que esta não é a primeira vez que situações como esta ocorrem”, disse.
Os dois postos de saúde atendem diariamente cerca de 100 pacientes que deverão se deslocar para outra unidade até que o problema seja resolvido. Ele ressaltou ainda que a interdição ética impede, exclusivamente, o médico de atender nas unidades de saúde.
Além de realizar a interdição, o CRM-PB solicitou que seja providenciada segurança policial nas unidades e que a Câmara de Vereadores emita uma nota de desagravo em favor da equipe de saúde da unidade. Junto à sua assessoria jurídica, o CRM-PB também está analisando outras medidas, como a possibilidade de ingressar com uma ação civil pública, que assegure melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde e garanta um atendimento de qualidade para a população.
O presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais, acrescentou que, no ano passado, o conselho realizou uma pesquisa com 395 médicos paraibanos que relataram o aumento de agressões no ambiente de trabalho, principalmente no serviço público. Dos entrevistados, 73,9% afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência onde trabalham.
“O sucateamento da saúde pública tem gerado essas situações de violência. Revoltados com a demora no atendimento e a falta de estrutura das unidades públicas de saúde, pacientes e acompanhantes cometem agressões contra os profissionais responsáveis pelo atendimento, como se eles fossem os responsáveis pelos problemas existentes”, afirmou Roberto Magliano.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA não conseguiu falar com a prefeitura de Alhandra para repercutir a decisão do CRM-PB.
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